O Centro de Estudos Jurídicos e Investigação Social (Cejis) denuncia que às 18h do domingo (13/04), uma comissão do Povo Guarani e funcionários do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA) foram emboscados na localidade de Cuevo e atacados de modo selvagem por um grupo que responde ao setor pecuário da província Cordilheira.
De acordo com a Cejis, a comissão se dirigia à comunidade guarani de Itacuatía com a finalidade de dar início formal ao processo de saneamento do Território Comunitário de Origem (TCO) do Alto Parapetí, onde -segundo denúncias dos próprios guaranis- vivem nas fazendas famílias em estado de servidão, trabalho forçado e formas análogas à escravidão.
A delegação foi emboscada no povoado de Cuevo, distante 30 quilômetros da localidade de Camiri, onde foram atacados. Vários veículos da comissão, camionetes, dois caminhões e um micro em que viajavam foram destroçados totalmente.
Quando tentaram voltar para Camiri, os guaranis foram interceptados por um caminhão da União Juvenil Crucenhista (UJC). Os membros da UJC detiveram a força os caminhões, o micro e as camionetes do INRA, que foram assaltadas. As pessoas que viajavam foram agredidas fisicamente com paus, pedras e outros objetos contundentes.
Desse ataque, ficaram 43 pessoas feridas, entre indígenas, funcionários e jornalistas que cobriam os fatos. Até o momento pelo menos 8 pessoas desaparecidas, entre elas José Yamangay, dirigente do povo guarani, dois membros do povo ava-guaraní e o câmera argentino Fernando Cola, que estava produzindo um documentário para as instituições IWGIA-CEJIS, e dois reféns de quem não se conhece a identidade, aparentemente um homem e uma mulher.
A zona se encontra tomada por milícias armadas da UJC, apoiada operativa, logística e economicamente pela Prefeitura do Departamento de Santa Cruz, pela Sub-prefeitura da Cordilheira, prefeituras de Cuevo e Camiri e pela Associação de Pecuaristas de Camiri, Cuevo e Boyuibe.
(Adital, 15/04/2008)