Cerca de 500 agricultores do Oeste catarinense marcham, desde segunda-feira (14/04), em direção à cidade de Chapecó. A atividade integra a jornada de lutas do Movimento Sem Terra (MST) realizada em todo o país em Abril para marcar os 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás.
Neste ano, os agricultores também reivindicam o assentamento imediato das 150 mil famílias acampadas em todo o país, crédito específico para a produção agrícola e para habitação nos assentamentos e mais investimento em assistência técnica.
No entanto, em Santa Catarina, os agricultores abordam um tema específico: o plantio de milho transgênico na região Oeste. A integrante da direção do MST, Andréia Borges, relata que agricultores já contrabandeavam e plantavam a semente antes de ser liberada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) neste ano, o que tornava a prática ilegal.
Mas a preocupação aumentou com a compra da empresa Agroeste, com sede em Xanxerê, pela transnacional de sementes Monsanto. Andréia teme que o assédio da empresa para que os pequenos agricultores e assentados utilizem o milho transgênico seja ainda maior.
“A gente tem uma realidade muito grande do pínus e agora o milho transgênico. Aqui é uma região de agricultura camponesa forte e o milho é muito presente aqui. Nós já sabemos de agricultores que colheram milho transgênico aqui na região. E agora a nossa preocupação aumenta mais com a vinda da Monsanto”, diz.
As famílias saíram nesta segunda-feira de Xanxerê e marcharam por 19 km até Xaxim, onde passaram a noite de terça-feira (15) em um ginásio. A estimativa é de que os sem terra cheguem na entrada de Chapecó nesta quarta, onde devem acampar. Na quinta-feira, dia 17, os agricultores chegam no centro da cidade e realizam manifestações. Durante a marcha, os sem terra têm feito debates com a comunidade para abordar a pauta de reivindicações e a questão do milho transgênico.
(Por Raquel Casiraghi, Agencia Chasque, 14/04/2008)