Se as punições ambientais impostas pelo Governo Federal continuarem, os produtores do Mato Grosso não terão como produzir soja e algodão. O alerta foi feito pelo governador do Blairo Maggi, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até aqui, R$ 3,3 milhões de multas já foram aplicadas na Operação Arco de Fogo, desencadeada com apoio da Polícia Federal e Força Nacional de Segurança.
"Não vamos produzir soja, algodão, nossa pecuária entrará em falência. Será um sufocamento da economia do Mato Grosso", disse Maggi, após o encontro com Lula. "É lógico que esses preços [dos grãos] vão se modificar e inclusive trarão reflexo para a inflação brasileira", completou. Ao todo, a operação já esteve em 20 empresas do setor madeireiro e de produção de carvão, resultando em 46 multas aplicadas.
O governador contesta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontou 662 pontos de desmatamento no estado em 2007. Segundo Maggi, apenas 10,12% são novos focos de desmatamento, conforme relatório feito pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
De acordo com determinação do Ministério do Meio Ambiente, as propriedades localizadas em áreas onde o desmatamento cresceu precisam de um novo licenciamento ambiental. Caso não tenham, os produtores ficarão sem linha de crédito.
Maggi afirmou que seu estado precisa de mais tempo para atender a medida do ministério. "Queremos que os decretos possam nos dar mais tempo para que a gente se ajuste", justificou.
Segundo o governador, o presidente Lula prometeu realizar uma reunião a partir do dia 21 de abril com representantes do Ministério do Meio Ambiente e do estado para debater o índice de desmatamento no Mato Grosso.
Maggi acha que Lula é sensível a rediscutir o "embargo econômico""A receptividade do presidente foi muito boa. Ele se mostrou bastante sensibilizado com a nossa situação, acredito que agora, por meio do relatório que apresentamos, essa questão terá outros desdobramentos". As impressão são do governador Blairo Maggi, ao avaliar o resultado da reunião que manteve com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto. A idéia era convencer o presidente de que Mato Grosso está sendo atingido duramente na sua economia por causa das medidas anti-desmatamentos, de iniciativa do Ministério do Meio Ambiente. Maggi conseguiu em parte.
Os resultados foram bem mais satisfatórios do que a reunião que manteve antes com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Lançando mão de um discurso de parceria, a ministra deu mínimas esperanças para que as atividades de âmbito florestal sejam retomadas em Mato Grosso a curto prazo. Maggi chegou a propor à ministra que técnicos da Sema, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do próprio ministério, voltem a campo e constatem as falhas nos números do INPE. Marina se mostrou impassível.
No encontro com o presidente Lula, parceiro político de Maggi, a comitiva de Mato Grosso contestou mais uma vez os números do desmatamento em Mato Grosso divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). Com um dossiê produzido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), o governador expôs ao presidente a indignação do Governo do Estado e dos produtores rurais com números que não correspondem à realidade. O presidente Lula garantiu a Blairo Maggi e sua comitiva que será marcada uma reunião entre até o dia 23 desse mês entre os técnicos do Ministério do Meio Ambiente, da Sema e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para analisar os dados do desmatamento apresentados pelos dois órgãos, assim como a metodologia usada.
"Todos nós queremos trabalhar em prol do meio ambiente e por isso não podemos aceitar os números do Inpe que coloca áreas de degradação da floresta, desmatamento progressivo, incêndio e corte raso, tudo no mesmo saco. O próprio Presidente Lula está desconfortável com esses números, pois sofre pressão dentro e fora do Brasil. É uma questão que quando resolvida será bom pra todo mundo", desabafou Blairo.
O governador voltou a afirmar que não vai ficar parado esperando a próxima divulgação dos números do INPE sobre o desmatamento e que o Governo do Estado vai sair a campo mês a mês para fazer a checagem das imagens de satélite. Ele disse ainda que outro ponto importante na reunião com Lula foi o avanço na discussão sobre os números do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) para avaliar os desmatamentos de corte raso.
Para o deputado federal Homero Pereira (PR), a melhor coisa da reunião com o presidente, foi que esse não tomou partido de nenhuma das partes e vai atuar de arbitro nessa questão. "Se for o caso, uma nova metodologia será desenvolvida" - frisou o parlamentar.
(24 Horas News - MT, Amazonia.org, 15/04/2008)