A Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à Igreja Católica, denunciou ontem (15) que o crescimento do cultivo de etanol e de outros biocombustíveis acentuou as práticas de trabalho escravo no Brasil, com especial ocorrência nas plantações de cana-de-açúcar.
A denúncia consta do relatório "Conflitos no Campo Brasil 2007", segundo o qual os casos de trabalho escravo registrados no ano passado chegaram a 8.635, contra os 6.930 de 2006.
O aumento de casos foi observado principalmente no centro-oeste, onde se concentra a maioria dos canaviais, que em geral se voltaram para a produção de biocombustíveis.
O relatório da Comissão Pastoral da Terra, elaborado em função de dados do Governo federal, indica que 52% dos trabalhadores libertados de situações semelhantes à escravidão se encontraram em plantações no setor açucareiro dedicadas a produzir álcool combustível.
"Isso se relaciona diretamente com o aumento da exportação de etanol", afirmou o geólogo Carlos Walter Gonçalves, analista da Pastoral da Terra que colaborou com a redação do relatório.
Gonçalves acrescentou em entrevista coletiva que "a violência do setor privado, das empresas, cresce no mesmo grau que a exportação de etanol".
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UOL Notícias, 15/04/2008)