Uma agência do governo britânico de alimentos defendeu nesta quinta-feira que a Europa proíba o uso de seis corantes artificiais, depois que um estudo revelou que essas substâncias podem estar ligadas à hiperatividade infantil. "A evidência que temos sugere que seria recomendável retirar esses corantes dos alimentos", afirmou a presidente da Foods Standard Agency (FSA), Deirdre Hutton.
Um estudo realizado a pedido da FSA e concluído em setembro do ano passado revelou que crianças passaram a agir impulsivamente e perderam a concentração depois de consumir uma bebida contendo altos níveis de aditivos. O estudo reuniu 300 crianças. Três tipos de bebida foram distribuídos entre elas - uma contendo uma mistura forte de corantes e outros aditivos, uma que continha a média de aditivos comumente consumida diariamente por uma criança e um "placebo", sem nenhum tipo de aditivo.
O nível de hiperatividade das crianças foi medido antes e depois, e os pesquisadores concluíram que a bebida com a maior quantidade de aditivos teve um efeito "significativamente adverso" se comparado ao efeito da bebida sem aditivos. Os corantes utilizados na pesquisa foram o amarelo crepúsculo (E110), amarelo tartrazina (E102), ponceau 4R (E124), azorrubina (E122), vermelho 40 (E129) e o amarelo quinolina (E104). Na época da conclusão do estudo, a FSA aconselhou pais de crianças hiperativas a ficarem atentos aos riscos existentes no consumo de corantes, mas foi criticada por não fazer recomendações mais fortes.
Pressão
"Nós gostaríamos que o uso desses corantes fosse abandonado ao longo de um período. Mas isso requer uma ação da União Européia que obrigasse os países", afirmou Hutton nesta quinta-feira. Como uma proibição desse tipo poderia levar anos até ser aprovada pela União Européia, a agência britânica de alimentos quer que os ministros britânicos pressionem fabricantes a optar pela remoção voluntária dos corantes até o ano que vem.
A agência européia para segurança dos alimentos disse, em março do ano passado, que os efeitos de corantes no comportamento das crianças eram pequenos, mas disse que essas substâncias poderiam se removidas da dieta sem custo ou risco, já que os aditivos não têm benefícios nutricionais. Um porta-voz da Federação Britânica de Alimentos e Bebidas, que representa empresas da indústria alimentícia, disse ter ficado surpreso com a recomendação para que governo pressione os fabricantes.
"Os fabricantes britânicos já estão retirando esses corantes de vários produtos", disse Julian Hunt. Ele disse que os fabricantes estão preocupados que alguns produtos dos quais não foi possível remover os aditivos tenham de ser eventualmente retirados das prateleiras dos supermercados. Um porta-voz do Departamento de Saúde britânico disse que o governo pedirá para que a FSA continue a trabalhar com os fabricantes para convencê-los a retirar os corantes voluntariamente.
(BBC Brasil, Envolverde/Idec, 14/04/2008)