No mesmo dia em que um de seus colegas de Senado, o senador Magno Malta (PR-ES), foi diagnosticado com dengue, o ex-presidente José Sarney usou nesta segunda-feira a tribuna para defender a volta dos mata-mosquitos e da Superintendência de Campanhas de Saúde (Sucam), órgão criado em 1956 com o objetivo de combater endemias e epidemias, que acabou extinta em 1990. Sarney dirigiu seu apelo ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Tínhamos um grande exército que popularmente era chamado de exército dos guarda-mosquitos, que percorria o Brasil inteiro, os lugares mais remotos, visitando as casas e, por meio de ações de saúde pública, procuravam ensinar às populações a combater as epidemias que se instalavam por todo o país. Simplesmente essa superintendência foi extinta em 1990. E determinaram que esses homens fossem incorporados à Fundação Nacional de Saúde (Funasa). E muitos deles que tinham sido contratados sem concurso foram demitidos e ficaram sem ter nenhum amparo do poder público - lamentou o ex-presidente diante de um plenário quase vazio.
Sensibilizado como drama enfrentado atualmente pelo Rio de Janeiro, Sarney sugeriu:
- Não estou mais para dar conselhos aos que governam, porque acho que a minha posição é aquela de quem não pode extrapolar as suas limitações que o próprio destino lhe deu. Mas hoje eu me achei no dever de vir a esta tribuna e repetir o que já fiz por meio dos jornais: um apelo, talvez um apelo saudosista, para que seja examinada a necessidade, pelo governador do Rio de Janeiro, pelo presidente da República, pelo ministro da Saúde, de voltarmos a uma grande campanha nacional de saneamento.
(Adriana Vasconcelos, O Globo, 14/04/2008)