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mst
2008-04-15
Cerca de 250 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na manhã do último sábado (12) a Fazenda Itapema, em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná. De acordo com a coordenação regional do MST, a ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta Pela Reforma Agrária, que se estende até a próxima quinta-feira, dia 17, em todo país. Nesta data o movimento lembra os 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, que matou 19 camponeses.

De acordo com o MST, a ocupação abre as manifestações da jornada nacional no Paraná. Uma série de outros protestos também deve marcar a semana, conhecida como “abril vermelho”, mas essas manifestações são mantidas em sigilo pela coordenação do movimento.
A área invadida no final de semana já havia sido desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em janeiro e, de acordo com a assessoria de imprensa da superintendência regional do órgão no Paraná, o processo será concluído dentro de uma semana. O Incra também garantiu que a ocupação não interfere no processo, ao contrário do que acontece com processos que estão em fase de vistoria. Nestes casos, se a propriedade for invadida, antes da desapropriação, o processo volta à estaca zero e a fazenda só pode ser negociada novamente depois de dois anos.

Segundo o Incra, no caso específico da fazenda Itapema, basta agora que a procuradoria do órgão ajuíze a ação na Justiça Federal, para que os lotes possam ser demarcados. A fazenda tem 793 hectares.

As famílias que agora ocupam a área estavam acampadas na margem da estrada que dá acesso à propriedade desde fevereiro de 2006. De acordo com a coordenação do MST, pelo menos seis mil famílias permanecem acampadas nas margens de estradas no Paraná.

No Brasil

Na semana passada, ocorreram invasões de terras em cinco Estados, as quais, segundo o MST, servem para denunciar a ineficiência do programa de reforma agrária e cobrar investimentos públicos em assentamentos do governo federal, desde o começo do mês.

O MST, com as novas invasões, anuncia que deseja que o governo providencie o assentamento das 150 mil famílias acampadas, a criação de uma linha de crédito efetiva para produção de assentados e o atendimento da demanda de construção de mais de 100 mil unidades de habitações rurais.

Somente nesta segunda-feira (14) foram invadidas propriedades rurais em Pernambuco. Em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, cerca de 700 pessoas levantaram barracas dentro da fazenda Southal, depois de uma marcha realizada pela manhã na BR-290.

No interior de São Paulo, na região de Bauru, 600 famílias ocupam uma área de 5.400 mil hectares desde sábado. Segundo o MST, a área é utilizada para o plantio de eucalipto e cana-de-açúcar e está no centro de uma região com 10 mil hectares de terras reconhecidas como devolutas. Além disso, 15 mil hectares de terras são improdutivos no município. As famílias reivindicam que as áreas se transformem em assentamentos. Atualmente, 1.600 famílias estão acampadas no estado.

Em Roraima, 500 trabalhadores rurais ocuparam na manhã de sexta-feira um fazenda do governo federal de 4.000 mil hectares. Os trabalhadores já montaram barracas e pretendem ficar até que as reivindicações sejam atendidas pelos governos.

Na Bahia, cerca de 550 famílias do MST ocupam a Fazenda Bela Manhã, do grupo Aracruz Celulose, em Teixeira de Freitas, desde 5 de abril.

No Pará, trabalhadores mutilados e as viúvas dos agricultores assassinados no massacre de Eldorado do Carajás acampa em frente ao Palácio dos Despachos, sede do governo do Estado, desde segunda-feira passada.

(Gazeta do Povo, 15/04/2008)

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