O senador norte-americano Joe Lieberman, autor do projeto de lei que cria um sistema nacional de ‘cap-and-trade’ (limite e comércio de emissões) a partir de 2012, acredita que a lei será aprovada pelo Congresso ainda neste ano, segundo informações da Point Carbon.
"Eu diria que as perspectivas de aprová-lo são, agora, de pontos decimais para ultrapassar 50% dos votos", disse Lieberman a uma platéia de acionistas de indústrias durante a conferência da Associação de Gerenciamento de Ar e Lixo, próximo à Washington. O projeto, de co-autoria do republicano John Warner, entrou na pauta do Senado no segundo semestre de 2007 e irá para votação no plenário nos próximos meses.
Mesmo que não consiga passá-lo ainda neste ano, um sistema de comércio de emissões será inevitavelmente criado na próxima administração dos Estados Unidos. "Não importa quem seja o presidente, um plano climático doméstico envolvendo um mercado de carbono será aprovado em 2009 ou 2010", disse o senador.
As perspectivas de que o próximo presidente favorecerá fortes ações para cortar as emissões convence alguns congressistas a votarem a seu favor hoje. Lieberman lembrou que os três candidatos à Casa Branca são "fortemente favoráveis ao cap-and-trade, então enquanto a chance de tal projeto ser aprovado é de 50% agora, será de 90% na próxima presidência."
Apesar da confiança, o senador do estado de Connecticut quer aprovar o projeto o quanto antes e, segundo ele, seu gabinete vem trabalhando firme para conseguir o apoio dos 60 senadores necessários para passar a legislação. As negociações, no entanto, tem causado certa polêmica já que alguns senadores querem que o projeto inclua subsídios para fortalecer a expansão da energia nuclear no país.
"Nós temos somente 20 senadores que poderíamos dizer que não temos esperança de ganhar apoio, 45 que irão votar a nosso favor e outros 15 que provavelmente aprovariam o projeto e que mostram grande interesse na energia nuclear e na sua expansão", disse o senador, referindo-se a um grupo geralmente lembrado por ser proponente da energia nuclear, incluindo o candidato republicano a presidência, John McCain.
Se ceder aos interesses deste grupo, Lieberman corre o risco de perder apoio de outros senadores, que já avisaram que negariam apoio se isto acontecesse.
A senadora da Califórnia, Bárbara Boxer, presidente do comitê ambiental que enviou o projeto de lei para o plenário, é uma delas. Bárbara disse que a expansão da energia nuclear é uma "pílula envenenada" para a proposta.
Segundo a Point Carbon, Lieberman destacou que o projeto "não é um pedaço perfeito de legislação", e afirmou que espera fortes discussões sobre as reduções de gases do efeito estufa quando os debates começarem. "Nós estamos abertos para dialogar com os acionistas (setor industrial) para ver se conseguimos deixá-lo ainda melhor", comentou.
Se aprovada no senado, a lei deverá ser combinada com uma legislação complementar apresentada pela Casa dos Representantes antes de passar pelo crivo do presidente do país.
(Carbono Brasil, 14/04/2008)