As chuvas acima da média histórica no Ceará já provocaram a morte de cinco pessoas este ano. Os volumes maiores foram registrados em março, principalmente no sul, mas agora as precipitações começam a ficar melhor distribuídas em todas as outras regiões do estado. Segundo a Defesa Civil, até esta segunda-feira há 6.855 pessoas desabrigadas e outras 1.648 desalojadas de um total de 241 mil atingidos pelas inundações. Quatro municípios decretaram estado de calamidade e outros seis estão em estado de emergência.

De domingo para esta segunda choveu muito, sendo que doze dos 184 municípios registraram chuvas acima de 50 milímetros. Quase três mil residências estão danificadas ou destruídas. As maiores precipitações ocorreram em Independência (120 mm), no Sertão Central/Inhamuns, região tradicionalmente muito seca, e Icapuí (110 mm), em Jaguaribana.

Voltou a chover forte na região sul. Nos locais onde a situação era grave piorou ainda mais. É o caso de Lavras da Mangabeira (58 mm). No mês passado, a prefeita decretou estado de calamidade. O nível do rio Salgado, que passa dentro da cidade, subiu até seis metros acima do nível e inundou residências, comércio e a sede da prefeitura.

Em Lavras as águas que vêm baixando paulatinamente estão trazendo outro tipo de ameaça: a dengue que se prolifera nas poças d'água. Pelo menos 50 pessoas com suspeita da doença estariam dando entrada por dia na rede de saúde municipal. O Corpo de Bombeiros, ao qual a Defesa Civil está vinculada, vem trabalhando no combate ao mosquito. Esse mesmo problema está sendo relatado em outras cidades como Icó e Crateús, o último a decretar estado de calamidade.

Graças às chuvas, as bacias hidrográficas estão com 75,6% da capacidade total de acúmulo de água. Segundo a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), 65 dos 127 açúdes que monitora estão sangrando. Quase metade deles estão distribuídos pela Bacia do Alto Jaguaribe (11), Bacia do Salgado (10)w Bacia do Banabuiú (10). No final de semana, foi a vez do açúde Atalho, no município de Brejo Santo, na região Sul e o de Barra Velha, em Independência.

(Isabela Martin, O Globo, 14/04/2008)