O anúncio do novo megacampo de petróleo da Petrobras feito pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, foi criticado hoje por parlamentares. O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), da Comissão de Minas e Energia da Câmara, classificou o anúncio como "estabanado", enquanto o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-diretor da Petrobras e ex-ministro de Minas e Energia, considerou que o correto teria sido a divulgação pelo diretor de Relações com o Mercado da Petrobras como fato relevante encaminhado à Bolsa de Valores.
"Não tem cabimento um anúncio dessa magnitude ser feito dessa forma por um ente regulador, sem comprovação e sem medidas de cautela sobre averiguação dos dados", declarou Jardim, lembrando que o anúncio provocou alta nas ações da Petrobras. Disse que vai aguardar até amanhã os desdobramentos da divulgação para decidir se apresenta requerimento para que Haroldo Lima preste esclarecimentos à Comissão de Minas e Energia.
Jardim afirmou que a atitude de Lima acaba fragilizando o papel das agências reguladoras. "Um anúncio como esse, estabanado, e o que aconteceu com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), com a diretoria demitida após o caos aéreo, são movimentos que acabam comprometendo a idéia das agencias reguladoras, órgãos que precisam ser consolidados", assinalou o deputado.
O senador Delcidio Amaral (PT-MS) considerou "estranho" o anúncio ter sido feito pelo diretor-geral da ANP. "O natural é que esse anúncio seja feito pelo diretor financeiro ou de Relações com o Mercado como fato relevante encaminhado à Bolsa de Valores", defendeu. Delcídio informou que tinha conhecimento de que havia "uma expectativa grande" em torno de novas reservas de petróleo, mas não possuía informações precisas. Acredita que houve um descompasso e uma quebra de hierarquia na divulgação.
(Gerusa Marques, Agência Estado, 14/04/2008)