Um mutirão realizado pela Secretaria Estadual de Governo em 96 comunidades da região metropolitana do Rio identificou e extinguiu 3.254 focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Cerca de 3 mil voluntários visitaram neste domingo 22.638 residências - 15.930 na capital, 4.775 na Baixada Fluminense e 1.933 na região de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Durante a ação, foram instaladas 7.378 coberturas para caixas d''água - o material foi cedido pelo Corpo de Bombeiros.
Sete caminhões foram usados para recolher lixo e entulho, que encheram 902 sacos com capacidade para cem litros. Durante o percurso, foram distribuídos 220 mil panfletos informativos, com dicas sobre prevenção e combate aos focos do mosquito.
O objetivo da Secretaria de Governo é instituir brigadas permanentes de combate à dengue para que futuras operações aconteçam sob o comando de líderes comunitários locais. "Conseguimos a adesão maciça das comunidades visitadas. O papel principal deste esforço conjunto foi alcançado: a criação das brigadas permanentes de combate aos focos do mosquito em cada uma dessas comunidades. Só o trabalho em parceria poderá ajudar o Rio a vencer essa luta contra o mosquito", disse Eduardo Damian, coordenador do mutirão.
A ação de ontem foi a segunda realizada na região metropolitana. No domingo da semana passada, foram vistoriados cerca de 20 mil imóveis em 72 comunidades. Na ocasião, foram identificados cerca de 900 focos do mosquito, distribuídas quatro mil coberturas para caixas d''água e recolhidos mil sacos de lixo de cem litros.
A epidemia já tinha 75.399 casos contabilizados no Estado este ano até quinta-feira, com 80 mortes confirmadas (47 na capital), e mais 79 casos de óbitos em investigação sob suspeita de dengue. A prefeitura do Rio, porém, já registrava 50 mortes na noite de sexta-feira, o que aumenta o número oficial de casos fatais no Estado para 83. Até quinta-feira, 35 crianças de até quinze anos tinham morrido de dengue este ano, de acordo com o relatório do Estado.
Em São PauloTodo o contingente do Tiro de Guerra de Araraquara (273 quilômetros a noroeste de São Paulo) foi mobilizado neste final de semana para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue. A cidade registrou 622 casos da doença este ano e enfrenta uma situação de epidemia. No sábado, cerca de cem soldados percorreram os bairros da zona norte da cidade à procura de focos do mosquito e possíveis criadouros.
Na Chácara Flora, local afastado do centro da cidade, os soldados do exército encontraram dezenas de criadouros. O bairro não tem ruas asfaltadas e as casas são, em sua maioria, pequenas chácaras que passam a maior parte do tempo fechadas. Foram encontradas larvas do mosquito em piscinas, caixas d’água destampadas e poços abandonados.
Em uma chácara, aparentemente abandonada, os soldados localizaram mais de dez criadouros. Dentro da casa, os cômodos haviam sido usados para a criação de galinhas. Da criação,restaram apenas a sujeira e recipientes com água contaminada.
Os moradores encontrados foram alertados sobre os procedimentos para impedir a proliferação. "Como muitas das casas estavam fechadas não conseguimos atingir o objetivo inicial que era fazer o bloqueio em 100% das casas", disse o fiscal da Vigilância Epidemiológica, Luis Eduardo Tagliacozzo.
O município iniciou, ainda, um serviço de telemarketing para conter o avanço da moléstia. A epidemia em Araraquara é a primeira registrada no Estado neste ano.
Cinco funcionárias foram treinados para telefonar para todas as casas de áreas da cidade onde tenham ocorrido casos confirmados, ou apenas suspeitos, de dengue.
Na ligação, as atendentes alertarão para o risco de dengue na região, irão lembrar os moradores da cidade de procurar por criadouros do mosquito - ensinando como eliminá-los - além de oferecerem orientações sobre os sintomas da doença.
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Estadao, 14/04/2008)