O coco está em alta, e não somente como fruta exótica. No Pacífico, Vanuatu desenvolve um projeto de utilização do óleo de coco como combustível alternativo. Há três anos, a Unelco-Suez, companhia fornecedora de energia elétrica no arquipélago de 215 mil habitantes, faz seus geradores funcionarem com uma mistura de diesel e óleo de coco (obtido a partir da polpa do fruto).
Oito cocos rendem em média um litro do óleo, que em seguida é centrifugado, filtrado e misturado ao diesel. Após ter começado com uma mistura de 5%, a companhia agora utiliza no mínimo 15% de óleo de coco para 85% de diesel. Ela prevê em breve a instalação de dois geradores que funcionarão somente com o "coco combustível", na ilha de Malekula, no norte do arquipélago.
Ao todo, a Unelco queima 20 mil litros de óleo de coco por semana, que se somam aos 12 milhões de litros de diesel importados anualmente. "É economicamente viável, visto que não é preciso um investimento suplementar na transformação das máquinas", diz John Chaniel, diretor geral da Unelco Vanuatu.
Todavia, o óleo apresenta alguns inconvenientes: é menos energético que o diesel, além de mais viscoso e de qualidade variável. "Mas ele nos permitirá resistir aos aumentos do preço do diesel; e além disso é melhor para o meio ambiente", afirma Chaniel. Uma vez que os combustíveis são um dos principais itens de importação do arquipélago, ter o óleo de coco como recurso permitirá que o país reduza a dependência em relação ao estrangeiro ao mesmo tempo em que desenvolve a agricultura local. Com o tempo, a companhia de eletricidade imagina aumentar a proporção de uso do coco combustível para 30% na mistura.
Combustível para automóvel
O precioso líquido também pode simplesmente servir como combustível para automóveis. Todos os veículos da Unelco andam graças a esse carburante. No arquipélago, outros já fizeram a experiência. Até alguns meses atrás, o empresário australiano Tony Deamer, residente em Vanuatu, comercializava o "combustível da ilha", uma mistura de 85% de óleo de coco com 15% de querosene. A cada semana, 3 mil litros eram produzidos, ao preço de 80 centavos de euro por litro, contra um euro por litro do diesel. A idéia está se espalhando pelo Pacífico. Em Samoa, a Electric Power Corporation inaugurou o projeto CocoGen, para construir uma central que funcione ao coco combustível.
(Por Marie-Morgane Le Moël, Le Monde, tradução de Eloise De Vylder, UOL, 13/04/2008)