O presidente da Subcomissão de Biocombustíveis do Senado, João Tenório (PSDB-AL), emitiu nota oficial, na sexta-feira (11/04), em que denuncia a "onda crescente e injustificável" de manifestações no mercado internacional contra a produção de biocombustíveis, particularmente o etanol. No texto, defende ainda a formação de uma Frente Pro-Bioenergia, envolvendo os Poderes Executivo e Legislativo, além da iniciativa privada.
João Tenório adiantou que a subcomissão reitera a posição manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à Europa, quando rebateu as críticas sobre o impacto dos biocombustíveis nos preços das commodities agrícolas.
- Não existe o menor sentido no alarme criado por autoridades da União Européia e do Banco Mundial, responsabilizando o aumento da produção de biocombustíveis pela explosão geral dos preços dos alimentos. O que os europeus chamam de food X fuel é uma hipótese irreal, que visa esconder o verdadeiro foco do problema: o desequilíbrio inaceitável na distribuição de riquezas - afirmou.
Ainda na avaliação de João Tenório, o desenvolvimento econômico traz maiores pressões sobre o consumo de alimento e energia, e essas pressões não vêm apenas do Brasil, mas também de outros mercados emergentes como a China e a Índia. Ressaltou que o desafio de incentivar a produção agrícola e equilibrar oferta e demanda exige a revisão da política tributária e da política de juros, como forma de garantir o equilíbrio cambial e os investimentos em infra-estrutura.
O parlamentar rebateu também os questionamentos sobre a vantagem ambiental dos biocombustíveis e as tentativas internacionais de apontar o etanol como ameaça potencial à preservação da Amazônia. Neste último aspecto, ponderou que a região não é apropriada para o cultivo da cana-de-açúcar, que precisa de uma determinada quantidade de chuva e de um período seco para se desenvolver.
- Por tudo isso, o recuo da Alemanha em sua decisão de dobrar para 10% a mistura de etanol à gasolina, assim como a retirada de financiamento a um programa de etanol por parte do Reino Unido, não nos parece fazer sentido. Também as acusações do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de que Brasil e Estados Unidos praticam dumping de biocombustíveis demonstram um desconhecimento dos mecanismos de produção do agronegócio, ao menos no Brasil - concluiu.
(Por Ricardo Icassatti, Agência Senado, 11/04/2008)