Polêmica sobre a exclusão de percentuais máximos de ocupação de florestas segue na Fepam A aprovação do Zoneamento Ambiental da Silvicultura não põe fim à controvérsia sobre os limites para a atividade. Depois de muito debate e, principalmente, bate-boca, o documento foi aprovado sem a imposição de percentuais máximos para o plantio de árvores nas unidades de paisagem. O item foi o mais contestado e a maior reivindicação dos ambientalistas. Porém, a presidente da Fepam, Ana Pellini, pretende ampliar a discussão até que os índices sejam estabelecidos e incluídos no zoneamento, garantindo a continuidade da polêmica.
Conforme Ana, não havia base científica para deixar os índices que constavam do estudo e, por isso, a retirada foi aprovada nas Câmaras Técnicas do Consema. Agora, a presidente pretende dar prosseguimento aos debates. Segundo ela, se novos limites forem aprovados no prazo de um ano, não haverá comprometimento dos projetos já em andamento das empresas. 'Em um ano, o plantio não chegará a 10%.' Para fomentar os debates, no dia 26 de junho, chegam ao Estado técnicos da Universidade de Toronto, no Canadá. A intenção é trazer também estudiosos europeus. 'O trabalho da Fepam ainda não terminou. Queremos concluir os estudos. Depois, teremos estabilidade talvez por cinco anos.'
'O documento foi podado nas duas últimas semanas', afirma Paulo Brack, professor de Botânica do Instituto de Biociências da Ufrgs e conselheiro do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá). Segundo ele, nunca havia sido debatida a retirada dos percentuais, somente a alteração. 'O zoneamento ficou orientativo e não normativo. Sem os índices, é um pseudozoneamento.' Em sua penúltima versão, o documento limitava o plantio de árvores entre 10% (áreas com maior restrição) e 50% (áreas com menor restrição) das unidades de paisagem. Os índices já haviam sido modificados em relação ao estudo original, que chegava a restringir a 2% o plantio por propriedade. Estabelecendo índices para as unidades, e não para as propriedades, Brack adverte que seria necessário limitar o tamanho dos blocos, mas não houve consenso.
Para o presidente da Ageflor, Roque Justen, o documento é orientador para a silvicultura e não compromete as aspirações das comunidades. 'Fizemos a nossa parte, deixando a obra o mais adiantada possível para que possamos prosseguir na tarefa', aponta.
(Por Marcela Duarte,
Correio do Povo, 13/04/2008)