Poda ilegal deve emetir 186 bilhões de toneladas do gás
A organização ambientalista Greenpeace advertiu nesta sexta-feira (11) de que a poda ilegal de árvores nas florestas boreais canadenses pode criar uma "bomba de dióxido de carbono" com a emissão de até 186 bilhões de toneladas desse gás.
A floresta boreal canadense ocupa uma gigantesca extensão de 5,45 milhões de quilômetros quadrados, 53% da superfície total do país.
O relatório divulgado hoje pela organização ambientalista também adverte de que as conseqüências da destruição desta vegetação seriam grandes, já que poderia provocar a emissão de 186 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Esta quantidade, que é 27 vezes superior às emissões mundiais de CO2 geradas a cada ano pela queima de combustíveis fósseis, está armazenada em árvores e, principalmente, no solo sobre o qual crescem as florestas boreais.
Segundo Elizabeth Nelson, pesquisadora da Universidade de Toronto e co-autora do relatório, "mais de dois terços do carbono (83%) armazenado na floresta boreal estão no solo".
Nelson acrescentou que "quando a cobertura florestal é retirada, o solo se deteriora e emite dióxido de carbono adicional durante meses, anos e mesmo décadas".
Hoje em dia, todos os anos as madeireiras cortam nove mil quilômetros quadrados de floresta boreal, incluídos 68 quilômetros quadrados para a construção de estradas e outras instalações necessárias para a exploração destes recursos.
Mas, segundo o Greenpeace, em torno de 36 milhões de toneladas de dióxido de carbono são liberadas ao ano pela poda desta superfície, mais do que é emitido por todos os carros em circulação no país.
Christy Ferguson, porta-voz do Greenpeace, declarou à Agência Efe que, apesar de estudos como este, as autoridades canadenses defendem que a exploração da floresta boreal tem conseqüências positivas para a mudança climática.
– Os Governos canadenses, tanto em nível federal como provincial, e o setor dos produtos florestais estão promovendo uma visão totalmente falsa dos efeitos da poda de árvores no meio ambiente – disse Ferguson.
No ano passado, o Ministério de Recursos Naturais do Canadá emitiu um relatório no qual indica que praticamente todo o carbono armazenado nas árvores e no solo da floresta boreal permanece retido na madeira e no chão após sua poda, pelo que não teria grande influência na mudança climática.
O relatório afirma que "as práticas de gestão florestal não representam emissões substanciais".
– Estão errados. Quando se estuda todos os dados científicos, praticamente todos os aspectos de seu argumento se revelam falsos – acrescentou Ferguson.
O Greenpeace também aponta que entre 1970 e 1990 dobrou a área de floresta boreal afetada por incêndios florestais, o que está aumentando a quantidade de dióxido de carbono emitido à atmosfera cada ano.
O relatório revela que, atualmente, a cada ano são perdidos em incêndios florestais 76 mil quilômetros quadrados de floresta boreal.
Há anos, o Greenpeace faz campanhas periódicas contra as empresas que estão explorando a floresta boreal, como a multinacional americana Kimberly-Clark, que produz a popular marca de lenços de papel Kleenex.
A organização ambientalista denuncia que a imensa maioria das árvores cortadas da floresta boreal canadense, um ecossistema que é considerado uma das últimas grandes florestas intocadas e que evoluiu há 10 mil anos, são produtos descartáveis.
– A maioria são kleenex, papel de jornal, papel higiênico, publicidade impressa, papel de revistas – afirmou Ferguson.
(EFE,
ClicRBS, 11/04/2008)