A decisão liminar do Supremo Tribunal Federal - STF, de suspender a Operação Upatakon 3, da Polícia Federal para a retirada dos arrozeiros da Terra Raposa Serra do Sol, tomada na data de 09/03/2008, é uma opção pela continuidade indefinida da violência contra os povos indígenas em Roraima. Remete-nos à conclusão de que o Estado considera legítimo o uso de carros bomba, coquetéis molotov e a destruição de bens públicos por grupos para a defesa de seus interesses. Essa é a leitura que pode ser feita da decisão do STF, tomada com base na justificativa de se evitar a violência. A decisão favorece o interesse de seis arrozeiros contra o direito de 18 mil índios.
Remete-nos também a questionar se um grupo indígena ou de sem terra, expulsos de suas terras usasse as mesmas armas e estratégias, conseguiria o amparo da Justiça para se manter numa área retomada do latifúndio.
Com a lei do mais forte, voltando a imperar em Roraima, as comunidades indígenas ficam completamente desamparadas diante da violência provocada pelos invasores. Que ninguém espere que elas aceitem passiva e indefinidamente serem destratadas, ameaçadas, discriminadas, afrontadas, terem suas casas queimadas e seus filhos feridos e assassinados em suas próprias terras.
O Conselho Indigenista Missionário - CIMI, Regional Norte I(AM/RR), solidariza-se com os povos indígenas da terra Raposa Serra do Sol e manifesta preocupação diante de atos ainda mais violentos por partes dos arrozeiros, que muito antes da ação da Polícia Federal vinham aterrorizando as comunidades até mesmo com pistoleiros.
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Conselho Indigenista Missionário (Cimi) - Regional Norte I, 10/04/2008)