Na última segunda-feira (07/4), a Prefeitura Municipal promoveu solenidade para entregar as primeiras 16 casas populares das 300 que estão sendo construídas para moradores de baixa renda no bairro Cidade de Águeda. O que parecia ser a concretização de um sonho, no entanto, tornou-se pesadelo quando as famílias notaram que estavam sem um dos serviços básicos mais importantes: a água encanada.
Portanto, os últimos quatro dias foram de muita indignação e esforço físico para os moradores, já que para poder cozinhar, limpar a casa e até mesmo tomar banho eles tiveram que carregar água de casas vizinhas em baldes, garrafas plásticas e panelas grandes. Além da falta de água, os novos moradores do Cidade de Águeda ficaram os dois primeiros dias também sem energia elétrica. Este problema foi solucionado na tarde da última quarta-feira.
Carlos Alberto da Costa alega que a Prefeitura teria que ter avisado a Corsan primeiro antes de entregar as chaves das casas aos moradores. "Eles (Executivo) não nos avisaram que estávamos sem água e luz. Só fui descobrir o problema ao ligar a tomada e abrir a torneira. É um absurdo: com todo este calor estamos sendo obrigados a pedir água aos vizinhos e ficar controlando o banho", fala.
Carla Silva também se mudou para o bairro na última segunda-feira. Diante do problema, ela procurou a Corsan quando assinou um contrato que prevê o pagamento de uma taxa no valor de R$ 145 para a instalação do serviço. "Me cadastrei neste programa habitacional justamente porque não tinha condições de pagar altos valores pelo aluguel. Mas de que adianta se vamos ter que arcar com a instalação e a alta mensalidade cobrada pela água?", questiona.
A rotina de carregar água também é a mesma para Marina Garramão Ferreira. Munida com baldes e garrafas plásticas, ela tenta se virar para garantir o almoço e o banho da família. "Estamos frustrados: como é possível viver sem água", declara.
Segundo o superintendente regional da Corsan, Eduardo Guimarães, a Prefeitura Municipal protocolou o pedido do serviço na última quarta-feira, dois dias após a entrega das casas. "A infra-estrutura é responsabilidade do Executivo. Somente após a entrega do condomínio, através de notificação por parte da Prefeitura, a Corsan inicia as vistorias nas unidades habitacionais, ocasião em que é entregue aos moradores uma notificação, pedindo que eles se dirijam até a Companhia para pedir a ligação da água", explica.
Guimarães diz ainda que os contratos assinados com estes moradores foram um equívoco por parte da Corsan e explica que, por se tratarem de pessoas de baixa renda, o valor cobrado pela instalação é de R$ 46. "Nenhuma família vai pagar mais do que este valor pela instalação. A mensalidade também não será a mesma cobrada normalmente pela Companhia, uma vez que as famílias beneficiadas por programas assistenciais, como o Bolsa-Família, têm subsídio de 60% na tarifa", esclarece.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 11/04/2008)