A suspensão da operação Upatakon 3 resultou na melhoria de acessos à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que tinham sido danificados. A estrada que liga a BR-174 a Vila Surumu tem cenário distinto daquele verificado há uma semana. Nos igarapés onde as pontes foram destruídas a passagem está facilitada por terra jogada pelos arrozeiros sobre as pedras.
Carros pequenos conseguem passar após a obra, patrocinada para garantir o escoamento das carretas de arroz. Um pouco mais à frente, uma grande escavação que fora aberta na estrada pode ser vencida por uma passagem improvisada com estacas de madeira.
Na ponte sobre o Rio Surumu, onde estava montada a base de resistência, mais surpresas: sumiu a bandeira da Venezuela, que dividia espaço com a do Brasil e agora há uma grande bandeira brasileira, além de pessoas que desmontam o aparato.
O que não mudou é o discurso do líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero. Cercado por seus seguidores na região onde se localizam suas fazendas, ele continua negando que a destruição das pontes tenha sido orquestrada por seu grupo. E diz não temer as investigações da Polícia Federal sobre os atos de vandalismo ocorridos.
“Os responsáveis estão no governo federal e, quando chegar a chuva, a região pode ficar isolada”, disse o arrozeiro, que insistiu não ser o mentor da base de resistência montada e agora desfeita no Surumu: “Eu seria um gênio se fosse inventar isso tudo. A revolta foi o governo quem colocou na cabeça do povo.”
Apesar da negativa, ele confirmou ter ordenado a retirada da bandeira venezuelana da ponte e a colocação de uma bandeira brasileira maior. “Vi umas imagens e estava meio esquisito. A da Venezuela era maior do que a nossa”, explicou.
(Agência Brasil, 10/04/2008)