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chuvas e inundações
2008-04-11

Equipe foi surpreendida pela ligação clandestina e a sujeira na boca-de-lobo
 
Ao mobilizar uma equipe para desentupir um bueiro na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Assis Brasil, no Centro de Santa Cruz do Sul, a Prefeitura desenterrou ontem mais uma amostra de que o descaso da população e a obsoleta rede subterrânea estão provocando cada vez mais alagamentos e mau cheiro na cidade. Ao abrir a boca-de-lobo da rede pluvial – que deveria ser o destino apenas da água da chuva – os operários encontraram uma ligação clandestina de esgoto cloacal e, em função disso, muita gordura e sujeira. Três garrafas pet, pedaços de isopor e até um vidro de conserva foram retirados de dentro da tubulação, que por pouco não precisou ser aberta com uma retroescavadeira.

O entupimento da rede veio à tona na quarta-feira, quando apesar do tempo bom o bueiro começou a transbordar e exalar um fedor insuportável. “Era um cheiro de gordura terrível”, contou uma comerciante das proximidades, observando que apesar da construção de uma galeria sob a Assis Brasil, a esquina alaga sempre que chove forte. A explicação veio assim que os operários abriram o bueiro: um dos canos estava obstruído por areia e gordura, retendo os objetos que caíram pela boca-de-lobo. “A gordura e o mau cheiro são provas de que há imóveis das redondezas jogando o esgoto na rede pluvial, o que, além de irregular, provoca um imenso dano ambiental”, disse o secretário executivo de Transportes e Serviços Públicos, Luís Hoffmeister.

Segundo ele, ligações clandestinas como essa só são detectadas quando o bueiro transborda ou o esgoto começa a vazar pelas emendas dos canos, provocando danos nas calçadas. “Cerca de 90% dos consertos em calçadas precisam ser feitos em função disso”, informou. De acordo com Hoffmeister, o problema se agrava porque na região central, que é a mais antiga da cidade, os canos são muito velhos e com capacidade insuficiente para dar conta da demanda atual. “Em muitos locais a rede foi planejada para atender a um determinado número de residências em um quarteirão; só que com o tempo um edifício é construído e aí tudo muda”, disse.

Responsabilidade
Técnicos da Prefeitura começaram ontem um levantamento para tentar identificar de onde está partido o esgoto cloacal que desemboca na rede pluvial da esquina das ruas Júlio de Castilhos e Assis Brasil. O responsável pelo imóvel poderá ser autuado pelo município. Além disso, uma grade será colocada na boca-de-lobo para impedir que o problema se repita. O mesmo está sendo feito em vários outros pontos da cidade. “Mas mesmo assim a população precisa se conscientizar e não jogar lixo na rua. Caso contrário, a grade será obstruída e o local voltará a alagar quando chover forte”, acrescentou Hoffmeister.

Até o meio do ano a empresa de engenharia STE deverá concluir um estudo de R$ 227 mil, batizado de Plano de Manejo das Águas Pluviais, que vai resultar em um diagnóstico sobre o sistema de escoamento da chuva em Santa Cruz. O objetivo é apontar soluções para os constantes alagamentos na cidade. Após a conclusão do estudo o município buscará dinheiro em Brasília para executar as obras. Em dezembro, uma chuvarada de duas horas deixou dezenas de pontos debaixo d’água, muitos onde nunca havia sido registrado alagamento, como a Estação Rodoviária e as proximidades do Shopping Santa Cruz, no Bairro Verena.
 
(Por Igor Müller, Gazeta do Sul, 11/04/2008)


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