Depois de 150 processos por crimes ambientais no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a empresa de ferro-gusa CBF Indústria Gusa Sociedade Anônima, em João Neiva, norte do Estado, foi embargada e seus responsáveis responderão por utilizar carvão vegetal nativo proveniente de desmatamento. O produto era comprado de madeireiras ilegais na Bahia e Minas Gerais.
A empresa foi lacrada e os funcionários encaminhados à Polícia Federal, onde prestaram depoimentos. A empresa vem desrespeitando o meio ambiente desde 1998, quando foi embargada pela primeira vez, por uso de carvão vegetal nativo. Depois disso, a Justiça ainda permitiu a atuação da empresa, que em 2005 voltou a cometer os mesmos crimes.
Segundo o Ibama, mesmo depois disso, a empresa voltou a funcionar sem licença ambiental, até que a investigação do Ibama e da Polícia Federal conseguiu embargar e lacrar a empresa, até que todos os processos de crimes ambientais sejam concluídos.
Ao todo, dois funcionários da empresa, a diretora administrativa e o gerente responsável pela aquisição do carvão, que não tiveram os nomes divulgados, foram encaminhados à Superintendência da Polícia Federal. Os proprietários da indústria, que não moram no Estado, já foram intimados para prestar depoimento no inquérito sobre o caso.
No momento da prisão, os funcionários chegaram a afirmar que a empresa possuía liminar na Justiça para funcionar. Informações da Polícia Federal afirmam que um termo circunstancial será feito para dar início ao processo criminal contra a siderúrgica e seus proprietários.
Ambientalistas alertam que a utilização de carvão mineral nativo por indústrias de ferro-gusa é bastante usual no Estado. Ressaltam ainda, que é necessário fiscalização também das siderúrgicas que consomem este carvão, mesmo sabendo sobre sua origem ilegal.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 11/04/2008)