Fogo se espalhou rapidamente e consumiu cerca de 30 toneladas de papelUm incêndio destruiu completamente uma fábrica de papel localizada no bairro Braga, em São José dos Pinhais , na região metropolitana de Curitiba, nesta quinta-feira (10). Os equipamentos da indústria e todo material que estava estocado no prédio, cerca de 30 toneladas de papel, foram destruídos pelo fogo. O prejuízo, segundo os proprietários, é de aproximadamente R$ 300 mil. Os estragos poderiam ter sido menores se os equipamentos de segurança do prédio tivessem funcionado.
A indústria Manitel Papéis – que ocupa uma área de aproximadamente 700 metros quadrados – produz papel higiênico e papel toalha. A empresa compra grandes boninas e molda o papel em rolos menores, no tamanho padrão para o consumidor. Dez pessoas trabalhavam no local por volta das 15 horas quando o fogo começou. Todos os funcionários conseguiram sair sem ferimentos. As chamas chegaram a atingir 10 metros de altura e uma coluna de fumaça pôde ser vista dos bairros vizinhos. O incêndio só foi controlado duas horas depois.
Incidentes como o ocorrido nesta quinta-feira em São José dos Pinhais abrem uma discussão com relação à segurança em indústrias que trabalham como material de fácil combustão, como o papel. Uma empresa só recebe alvará do Corpo de Bombeiros para funcionar depois de passar por uma inspeção e atendendo a diversos requisitos de segurança. Entre os equipamento exigidos estão os extintores de incêndio e hidrantes. O tenente Leonardo Mendes dos Santos, Relações Públicas dos bombeiros, disse que pode acontecer de os proprietários se desfazerem dos equipamentos depois de obtida a licença. “A falta do equipamento será notada em uma fiscalização posterior. Neste período pode acontecer uma tragédia”, explica. Se os extintores tiverem de ser retirados para manutenção os proprietários são obrigados a manter unidades extras no local. Além disso, as empresas precisam manter equipes treinadas para usar os equipamentos.
Um funcionário disse que o incêndio teria iniciado em uma área entre duas grandes bobinas de papel higiênico, próximo a uma prensa, relatou o tenente Leonardo Mendes dos Santos, Relações Públicas do Corpo de Bombeiros. As causas do incêndio ainda serão apuradas pela polícia científica. Os vizinhos da empresa contaram que não ouviram barulho que indicasse uma possível explosão. “Ouvi uns estouros, mas acho que eram as telhas quebrando”, contou Marcos Aurélio dos Santos, o proprietário de uma loja de autopeças em frente à indústria.
A matéria-prima da empresa, altamente inflamável, colaborou para que o fogo se propagasse rapidamente. De acordo com Santos, em cinco minutos todo o barracão da empresa já estava tomado pelas chamas. A fábrica possuía sistema de segurança, composto por hidrantes, tubulação de água presa ao teto e cisternas, informou o capitão dos bombeiros, Adriano Marcelo Novochadlo, que esteve no local.
O sistema de segurança, porém, não teria funcionado. Josiel Riegli, um dos proprietários da indústria, confirmou que os funcionários tentaram acionar a bomba elétrica que leva água para os canos e mangueiras, mas não conseguiram. André Eugênio dos Santos, que mora a poucos metros da fábrica, disse que passava em frente do estabelecimento quando começaram as chamas. Ele conta que os funcionários saíram batendo nas casas da vizinhança pedindo extintores de incêndio emprestados, pois a empresa não possuía. O proprietário nega a versão. Segundo ele, os extintores estavam no local, mas também não teriam funcionado. Os bombeiros não souberam informar se havia extintor dentro do prédio.
A fábrica foi instalada há cerca de um ano na esquina da Rua Joinville com a Travessa Itália Manzoque. A região possui alguns pontos comerciais, mas é predominantemente residencial. Houve a preocupação de que o fogo pudesse passar para as casas vizinhas. A residência da dona de casa, Geralda Grochoki Banachi, quase foi atingida. Ela mora no local há vinte anos e ficou desesperada ao ver as chamas se aproximando de sua casa. “Eu estava sozinha em casa com meu filho de 14 anos quando ouvi uma mulher gritando: fogo, fogo. Saí para ver o que estava acontecendo e vi aquele fogo e a fumaça”, contou a dona de casa.
Quando o Corpo de Bombeiros chegou teve de jogar água para resfriar o telhado da casa de Geralda. Eles também desligaram o relógio de energia elétrica para evitar curtos-circuitos. A dona de casa e o filho acompanharam o trabalho dos bombeiros da calçada. Eles só puderam entrar em casa quando o fogo já estava controlado. “Graças a Deus não aconteceu nada mais grave. Só vou ter que lavar toda minha roupa que estava no varal de novo”.
Seis equipes do Corpo de Bombeiros de São José dos Pinhais e de Curitiba foram deslocadas até o local do incêndio. Cerca de 25 bombeiros trabalharam no combate as chamas. Uma retroescavadeira da Prefeitura de Curitiba foi usada para revirar o material incendiado e retirar o telhado que desabou.
(Gazeta do Povo, 11/04/2008)