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sustentabilidade e capitalismo
2008-04-11

Termina nesta sexta-feira (11/4), em Novo Hamburgo, a 32ª Fimec (Feira Internacional de Couros, Químicos, Componentes e Acessórios, Equipamentos e Máquinas para Calçados e Curtumes), que nos últimos três dias vêm apresentando as inovações do segmento na otimização da produção e no design dos produtos. Os lançamentos apresentados nos pavilhões da Fenac procuram unir cada vez mais a redução de custos nos processos à sustentabilidade ambiental. Produzir mais e poluir menos é palavra de ordem entre a maioria dos 1,2 mil expositores, que durante os quatro dias da feira devem ser visitados por, aproximadamente, 50 mil pessoas de diversos países.

As exigências crescentes a que são expostos os calçados fizeram com que a Killing, de Novo Hamburgo, tradicional fornecedora de adesivos, laminados sintéticos e produtos de acabamento, buscasse desenvolver um adesivo com maior eficiência na colagem - e assim mais resistente ao dia-a-dia -, mas também ecologicamente adequado, dentro da proposta da empresa de substituir o uso de solventes químicos por água. "Hoje, as indústrias estão inovando no design e na mistura de materiais e precisamos oferecer componentes que acompanhem essa evolução. Além disso, o calçado é exposto à água, ao sol e a produtos químicos para limpeza", descreve o gerente de laboratório da Killing, Rafael Krein.

Com base nesse diagnóstico e após dois anos e meio de pesquisa, responsáveis por consumir US$ 1,2 milhão, chegou à Fimec o KisafixNano. "Investimos na pesquisa da nanotecnologia, já que por ser baseado em partículas muito pequenas, esse adesivo apresenta maior eficiência de colagem", explica Krein. Aliado a isso, o produto é a base de água, reduzindo a poluição e melhorando as condições de trabalho na indústria, já que não exala o cheiro forte característico dos solventes.

Os testes realizados comprovam a eficiência, como a resistência inicial 25% superior aos demais produtos à base de água e a resistência à temperatura até 80% maior. "O consumidor final é o grande beneficiário deste produto, já que não veremos mais os calçados com a sola descolada, como era comum há alguns anos", afirma o responsável pela pesquisa. Krein se mostra otimista quanto à substituição crescente de produtos à base de solvente por água, já que essas pesquisas estão sendo realizadas há pouco mais de dez anos. "Atualmente, 80% ainda têm aplicação de solvente, mas o futuro é a utilização da água", indica o gerente de laboratório da Killing.

A complexidade e o caráter ecologicamente não-correto dos processos de produção de contraforte sempre foram empecilhos para a atuação da Artecola, de Campo Bom, com esse produto, até que a empresa resolveu desenvolver uma alternativa, o Econ. De acordo com o presidente-executivo da Artecola, Eduardo Kunst, esse é o primeiro contraforte injetado que dispensa halogenação, secagem e colagem em sua aplicação. Soma-se, ainda, o fato de o produto utilizar fibras naturais em um terço da composição e polímero biodegradável nos outros dois terços e a empresa terá alcançado seu objetivo de criar um produto mais sustentável.

Kunst diz que os testes com o Econ mostraram uma redução de 32% no tempo de produção e também nos custos específicos. "O produto final é 9% mais econômico que o produzido pelo método convencional", estima. Lançado mundialmente na Fimec, o executivo diz que a receptividade tem sido muito boa, principalmente de indústrias da Ásia, onde está concentrada a produção de tênis esportivos de alta performance, principais beneficiários da nova tecnologia. Além do Econ, a Artecola - que comemora 60 anos de atividades - está lançando adesivos, halogenantes e painéis para estandes. 

(Por Leandro Brixius, JC-RS, Zero Hora, 11/04/2008)


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