A Prefeitura de Ribeirão Preto iniciou ontem uma ação de bloqueio, no bairro Dom Mielle (região noroeste da cidade), para tentar conter um eventual avanço da febre amarela na região. Na área, um macaco morto foi recolhido anteontem.
O animal pode hospedar o vírus da febre amarela silvestre e, ao ser picado por um mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue, pode provocar a dispersão da doença em Ribeirão Preto, segundo o secretário da Saúde, Oswaldo Cruz Franco.
A ação de bloqueio inclui a visita de agentes municipais em todas as casas da região à procura de focos de criação de mosquitos transmissores da doença, nebulização e a orientação para que todos os moradores da área próxima de onde o macaco morreu tomem vacina contra febre amarela.
"No Dom Mielle nosso trabalho de campo vai ser bem mais agressivo, justamente porque a gente não sabe como o macaco morreu", disse Maria Luiza Santa Maria, chefe da Divisão de Vigilância em Saúde.
A preocupação com relação à febre amarela também aumentou depois que um homem apresentou sintomas da doença. Ontem, no entanto, o quadro clínico do paciente evoluiu positivamente, o que faz a Secretaria da Saúde pensar no caso como provável infecção pelo vírus da dengue. O homem tem 29 anos, mora no centro da cidade e passou alguns dias numa fazenda em Frutal (MG), onde circula o vírus da doença.
"Ele teve dor de cabeça, dores no corpo, febre, mas já está bem, não apresentou icterícia (coloração amarelada na pele) e hemorragias, que são sintomas mais próximos da febre amarela ", disse Maria Luiza.
O Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, está realizando exames para a identificação do vírus da febre amarela tanto no macaco quanto no paciente. O resultado do exame feito com vísceras do macaco deve ser divulgado em dez dias, enquanto as investigações envolvendo o paciente com a suspeita da doença devem ser concluídas dentro de 30 dias.
Hoje, equipes da Divisão de Controle de Vetores vão trabalhar no centro de Ribeirão em busca de criadouros do Aedes aegypti. Ao contrário do que vai acontecer no Dom Mielle hoje, onde também está sendo feito o bloqueio, não haverá nebulização de veneno.
Na área onde o animal morto foi recolhido -uma área da Prefeitura de Ribeirão onde deveria estar funcionando uma praça-, vivem outros quatro macacos, sob os cuidados do representante comercial Flores Alves Moreira, 58.
Foi ele que encontrou o sagüi no chão. "Se eu falar que ele morreu de causa natural, eu vou estar mentindo. Não sei do que ele morreu", disse. Em Pontal, na região de Ribeirão, outros dois macacos mortos foram encontrados ontem.
Apesar da campanha pela vacinação, a procura ontem ainda foi baixa. No bairro Dom Mielle, por exemplo, a primeira dose da vacina só foi aplicada às 10h de ontem -a vacinação começa às 8h.
(Veridiana Ribeiro, Folha de São Paulo, 11/04/2008)