Entrou em discussão na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, às vésperas das comemorações dos seus 236 anos, a proposta de estabelecer o que se tem denominado de "rodízio" de veículos particulares. O objetivo da medida é a tentativa de facilitar a trafegabilidade, retirando alguns veículos de circulação em determinados dias, de acordo com o algarismo final das placas dos mesmos.
São Paulo adotou esta medida desde outubro de 1997. O processo é chamado de ‘Operação Horário de Pico’ e acontece somente pela manhã, das 7h às 10h, e à tarde, das 17h às 20h. No início chegou-se a um patamar de diminuição de veículos considerável, que ficou ao redor de 20% da frota. Por uma série de fatores, hoje atinge algo em torno de somente 8% da frota. A pressão sobre os órgãos responsáveis pelo trânsito para que haja exceções às regras estabelecidas é enorme e cotidiana. Até a Câmara de Vereadores solicitou – e conseguiu – a liberação dos nobres edis para não seguirem a restrição de algumas placas em determinados dias. (são apenas mais 55 carros particulares, é verdade, sendo pequeno o impacto no trânsito, mas um mau exemplo aos paulistanos).
Além da avalanche de exceções, há também os que, tendo melhores condições financeiras, acabaram contribuindo para o aumento da frota, adquirindo mais um veículo, com chapa diferenciada.
Algumas capitais, como Londres, acabaram adotando pedágios urbanos com o objetivo de diminuir o número de veículos nos grandes centros. Este tipo de medida, por mais antipática que pareça, funciona bem no início da implantação e com o tempo passa a não resolver mais o problema. As pessoas assimilam os custos e procuram alternativas de continuarem com seus veículos nas ruas.
O único consenso diante deste complexo problema é o de que há muitos carros particulares nas vias urbanas. E a grande maioria deles com apenas uma pessoa em seu interior. A discussão sobre o excessivo número de automóveis de pequeno porte não pode prescindir do debate sobre a melhoria do transporte coletivo. São elementos indissociáveis.
Todavia, realizar uma ‘operação horário de pico’, com rodízio de placas em Porto Alegre, parece-nos uma solução intempestiva. Não é chegada a nossa hora.
(Miki Breier, deputado estadual/PSB, AL-RS, 10/04/2008)