Em Arvorezinha e Relvado famílias não têm mais água nem para beber. Ajuda vem das prefeituras, que transportam o líquido diariamente
Vale do Taquari - Fontes e arroios secos, lavouras perdidas, famílias e animais sem água para beber. Essa é a realidade em vários municípios devido à estiagem que castiga o Rio Grande do Sul. No Vale do Taquari a situação não é diferente. Duas cidades já decretaram situação de emergência por causa da falta de chuva: Arvorezinha, que enfrenta o problema desde o início do ano, e Relvado. Nas duas, equipes precisam se deslocar todos os dias às localidades mais atingidas para levar água potável. Na agricultura as perdas de algumas culturas chegam a 100%.
De acordo com o prefeito de Arvorezinha, Sérgio Reginatto Velere, esta é a pior seca em termos de falta de água para consumo humano e de animais enfrentada pelo município. "Todas as localidades de Arvorezinha enfrentam sérias dificuldades. Secaram sangas, arroios, fontes. Diariamente equipes da prefeitura transportam água e há famílias que chegam a percorrer até 15 quilômetros para ter o que beber", lamenta. Velere acrescenta que três retroescavadeiras trabalham todos os dias na tentativa de encontrar água. "De dez tentativas, em uma ou duas se tem êxito."
A prefeitura também concentra esforços na abertura de poços e açudes. "A esperança é de que na próxima chuva esses locais sirvam de reservatório e amenizem o problema", reforça. No setor primário a estiagem castiga plantações de soja e milho - no do tarde as perdas são totais - e a produção de suínos, aves e leite. O chefe do Executivo ressalta que não existem mais pastagens no município. "Não sabemos o que será das nossas famílias se não chover consideravelmente nos próximos dias."
Incêndios
A possibilidade de incêndios também preocupa os moradores. Conforme Velere, três galpões com fumo já queimaram no interior, além de uma residência na cidade. "Qualquer toco de cigarro jogado na vegetação seca pode provocar os sinistros. Sabemos da situação difícil, mas precisamos da colaboração de todos", conclama. O prefeito afirma ainda que, por enquanto, a estiagem não afeta o dia-a-dia das escolas. "Estamos num esforço concentrado na tentativa de amenizar a realidade, que não é nada animadora", emenda. Técnicos da Defesa Civil do Estado estiveram ontem em Arvorezinha. Mas o prefeito não acredita na liberação de recursos. "Não tenho nenhuma expectativa. Em três anos de mandato, esta é a terceira vez que decretamos situação de emergência e nunca recebemos nada."
Relvado constrói cisternas no interior
Relvado decretou situação de emergência na sexta-feira. A falta de água para consumo humano e de animais também é o principal problema enfrentado pelas famílias, em especial as que residem no interior. "Todas as localidades estão sendo afetadas, mas a situação é pior em Linha Volta da Vareta, Linha Nova, São João, Cordilheira e Saudades", destaca o prefeito Leonar José Strapazzon. Na tentativa de ajudar as comunidades um caminhão-pipa percorre o interior todos os dias. "Pelo menos 40 famílias não têm mais água para beber e cozinhar."
Outra ação emergencial adotada pela Administração é a construção de cisternas e reservatórios nas propriedades rurais. "Vamos colocando água enquanto não chove. Mas a expectativa é de que esses locais captem a água da próxima chuva", explica. O chefe do Executivo informa que 16 unidades já foram construídas em parceria com os moradores. Outras 20 devem ser edificadas nos próximos dias. Na agricultura os prejuízos chegam a 30% nas culturas de milho e leite. Produtores de suínos e frangos também frearam investimentos, temendo perdas ainda maiores. "Esperamos agora a visita dos representantes da Defesa Civil para verificar a situação in loco. Enquanto isso vamos fazendo o que está ao nosso alcance", avisa Velere.
(Por Simone Wachhol, O Informativo do Vale, 10/04/2008)