A Aracruz Celulose anunciou ontem (09/4) lucro líquido de R$ 167,9 milhões no primeiro trimestre, queda de 40% em relação ao resultado obtido um ano antes de acordo com padrões contábeis do Brasil. O resultado foi impactado por menores ganhos financeiros com operações com derivativos e cambiais e também por alta nos custos.
Apesar da queda, as ações da companhia avançavam 3,51% para R$ 12,95 a ação PNB. O otimismo decorre do resultado da companhia em padrões norte-americanos (US GAAP), que mostraram alta de 17% no lucro líquido e de 8% na geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
A companhia ainda informou que um reajuste de preços de cerca de 5% na celulose foi implementado este mês, após alta semelhante em fevereiro. Com isso, o preço da celulose vendida pelo grupo passou a cerca de US$ 840 a tonelada. "Podemos ter novos aumentos no decorrer do ano. Creio que os fundamentos (do mercado) são positivos", disse o diretor financeiro da Aracruz, Isac Zagury, evitando fazer previsões.
Demanda
"A demanda por celulose de eucalipto cresceu 22 % em 12 meses, até fevereiro, comparado ao mesmo período do ano anterior", informou a empresa em comunicado. Segundo a Aracruz, a China continua a ser a região que apresenta melhor resultado. No final de fevereiro, a demanda chinesa por celulose química cresceu 15,5% e para celulose de fibra curta aumentou 60%.Segundo o executivo, o lucro do primeiro trimestre caiu em virtude da base forte de comparação. Além disso, a empresa teve que fazer algumas paradas em Barra do Riacho (ES) "para realizar ajustes e substituição de equipamentos, o que causou perdas de produção, um maior consumo de matérias primas e maiores custos com manutenção".
Investimentos
A empresa prevê investir US$ 635 milhões entre o segundo e o quarto trimestre deste ano e esse total é elevado para US$ 738 milhões se incluído injeções de recursos da Aracruz na Veracel.
Os valores não incluem expansões fabris nas unidades de Guaíba, Veracel e de um terceiro projeto de crescimento de 1,4 milhão de toneladas de celulose de fibra curta. "A expansão em Guaíba está praticamente tomada, o que falta é uma decisão formal em abril", disse Zagury.
O executivo informou que entre cinco a sete anos a empresa poderá investir na produção de etanol produzido com celulose.
"No longo prazo, o etanol a partir de celulose será uma realidade. Isso é mais um uso para o produto, o que seria interessante para o mercado. Para a Aracruz, nós estamos estudando, pesquisando, mas não tem nada definido", disse Zagury.
(Agencia Reuters/Políbio Braga, 09/04/2008)