Estatal parou recebimento de esgotos de carentes após um ano. Prefeitura agora terá de pagar
Secretário Mercadante quer saber por que só agora Corsan está cobrando
Após pouco mais de um ano recebendo, em sua estação de tratamento, resíduos de esgoto coletados pela Prefeitura de Cachoeira do Sul de cidadãos carentes, a Corsan esta semana passou a se negar a prestar este serviço. O motivo, segundo o gerente da estatal em Cachoeira, Gilmar de Moura, é que a Corsan não possui contrato para descarte de resíduos. “Qualquer empresa que desejar descarregar líquidos na estação precisa pagar o valor referente ao depósito”, explica ele. Gilmar acrescenta que não pode responder pelas gestões anteriores da estatal no município e por isso não sabe explicar por que o serviço não era cobrado. Ele adiantou que o valor para receber um metro cúbico de esgoto na ETE é de R$ 8,98.
O secretário municipal de Obras, Hélio Mercadante, está indignado com a posição da estatal que fará com que as comunidades carentes não tenham seu esgoto recolhido. “A Conesul disponibiliza um caminhão duas vezes por semana para fazer a coleta para a Secretaria de Obras e para o Departamento de Vigilância Sanitária. O líquido recolhido é proveniente de desentupimentos de fossas e limpezas de esgotos de cidadãos carentes”, relata. Mercadante conta que depois de recolher cerca de 15 metros cúbicos por semana, o caminhão descarregava, há mais de um ano, o líquido na estação da Corsan. Com a negativa da Corsan em receber os resíduos, Mercadante diz que o caminhão não virá mais a Cachoeira e o serviço será interrompido. “Está havendo má vontade da parte da estatal. Por que só agora eles decidiram parar de receber o esgoto?”, questiona.
Prejuízo
Este é primeiro reflexo da briga judicial entre a Prefeitura de Cachoeira do Sul e a Corsan decorrente da discussão sobre a legalidade do contrato. Na prática, o verdadeiro prejudicado será a população cachoeirense que estará perdendo um serviço. A Corsan informa que o serviço nunca foi pago, mas não explica os motivos para esta renúncia de receita - que até poderia ser entendida como um serviço social prestado pela empresa - e diz que não receberá mais o esgoto se não for paga. Mercadante diz que chegou a tentar negociar o recebimento dos resíduos, mas o gerente teria informado que precisa fazer um contrato antecipadamente, o que travou a negociação.
(Por Vinícius Severo, Jornal do Povo, 10/04/2008)