O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, descartou ontem (9) a possibilidade de conceder vantagens na renegociação da dívida de produtores que se comprometerem a aplicar práticas sustentáveis.
A sugestão foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência pública na Câmara dos Deputados: “Por que não pensar em algo para aqueles que fizerem recuperação de reserva legal, recuperação das áreas de preservação permanente, os que querem fazer manejo de pastagens ou recuperação com espécies nativas?”
Na avaliação da ministra, essas medidas permitiriam um processo “ganha-ganha”, com benefícios para os produtores e para a preservação das florestas. “É uma idéia a ser discutida e debatida para que essa agenda seja positiva, no lugar de ficarmos discutindo como se houvesse um grupo a favor de destruir a Amazônia e outro contra o desenvolvimento da Amazônia”, apontou.
No entanto, de acordo com Stephanes a compensação da dívida e o estímulo a práticas agrícolas sustentáveis na Amazônia são “programas” diferentes. “Até porque o endividamento está no Centro-Sul, de Mato Grosso para baixo, incluindo o estado, mas temos que considerar que grande parte do estado é cerrado, não estamos falando do bioma Amazônia – terão que ser programas separados”, avaliou.
O ministrou afirmou durante a audiência pública que o aumento da produtividade da agricultura, principalmente de grãos, não depende mais do avanço sobre a floresta: “Podemos aumentar nossa produção sem derrubar nenhuma árvore”. E anunciou que investimentos em pesquisas para aumentar a produção sem abrir novas áreas vão fazer parte do chamado PAC da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], que segundo ele será anunciado em breve.
Apesar da divergência sobre a inclusão do viés ambiental na renegociação da dívida agrícola, a ministra Marina Silva reiterou que o governo está comprometido em frear a devastação das florestas e disse que ela e o ministro Stephanes pertencem a um “mesmo grupo”, a favor do desenvolvimento sustentável aliado à preservação da Amazônia.
(Agência Brasil, 10/04/2008)