Deputados da região amazônica reclamaram nesta quarta-feira à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, das operações da Polícia Federal, em conjunto com o Ibama, para conter o desmatamento no local. Eles argumentaram que setores produtivos importantes para a economia do país estavam sendo punidos, causando desemprego geral em vários municípios.
- É uma vergonha o que a Operação Arco de Fogo está fazendo em Rondônia. Não houve desmatamento no meu estado. Lá, quem desmata são os sem-terra - acusou o deputado Moreira Mendes (PPS-RO).
- Não se pode punir todo mundo. Estão estrangulando a Amazônia - concordou o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA).
Em resposta, Marina disse que as operações continuam. A ministra acredita que a sanção a infratores é fundamental para conter a onda de devastação da floresta. A discussão aconteceu em uma audiência pública na Câmara para discutir as altas taxas de desmatamento e suas causas. A ministra afirmou que o governo vai continuar combatendo o comércio de madeira retirada ilegalmente da Amazônia:
- Me sinto constitucionalmente responsável por fazer aquilo que a sociedade me delegou, que são ações de comando e controle. Quem está correto não está sendo penalizado. Gostaria que não pedissem que as coisas que estão funcionando parem de funcionar. Quem está cobrando porque estamos fazendo demais não tem razão, porque deveríamos estar fazendo muito mais.
Para os parlamentares, não pode haver apenas ações de comando e controle. Seria necessário criar incentivos financeiros para produtores que respeitam a legislação ambiental. A ministra concordou e cobrou do Congresso Nacional a aprovação de um projeto que tramita há mais de uma década recompensando quem preserva as matas em suas propriedades. Ela também disse que, durante a elaboração do orçamento deste ano, houve tentativa de investimento em ações desse tipo, mas os parlamentares não incluíram recursos para esse propósito.
- Concordo que tem que haver mecanismo de incentivos. O Congresso poderia aprovar um projeto de minha autoria nesse sentido, que tramita há 12 anos - afirmou Marina.
(Carolina Brígido, O Globo, 09/04/2008)