Votação de projeto foi adiada
Grandes grupos esperam as regras de zoneamento ambiental para confirmar investimentos em fábricas
O adiamento ontem na aprovação do novo zoneamento ambiental do Estado colocou o setor mais uma vez em suspense em relação aos projetos de instalação de plantas produtoras de celulose. As grandes empresas aguardam as novas regras para confirmar seus investimentos, cujo plantio industrial é o primeiro passo e condição essencial para a construção das fábricas. Com o licenciamento suspenso desde o final do ano passado, o plantio está paralisado em todo o Rio Grande do Sul, aguardando a emissão de licenças conforme as novas regras do zoneamento. A época de plantio começou em março e vai até outubro, mas as grandes empresas produtoras de celulose e os pequenos produtores têm dúvidas se será possível plantar os 70 mil hectares projetados para 2008.
Além da indefinição das regras, o setor sente também o impacto dos atrasos ocorridos ao longo de 2007, cujo principal resultado foi a perda de mudas. Segundo estatísticas da Ageflor, a entidade que reúne as empresas do setor, a área plantada no Estado caiu de 90 mil hectares, em 2006, para 50 mil no ano seguinte. Entre os grandes grupos que pretendem produzir celulose a partir de eucalipto - com investimentos somados na casa dos US$ 4 bilhões - e os micro e pequenos produtores, o plantio para fins industriais movimentou cerca de R$ 100 milhões no ano passado.
A liminar encaminhada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fepam) ontem surpreendeu as empresas. É o caso do diretor de operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, que afirmou que já houve várias oportunidades para as ONGs se manifestarem sobre o documento. Com investimento programado superior a US$ 2,5 bilhões, a Aracruz aguarda a conclusão do zoneamento para bater o martelo sobre a nova fábrica, que será instalada em Guaíba. O grupo, que já tem 110 mil hectares de florestas (incluindo reserva legal), prevê o plantio de 70 mil hectares em três anos. Stora Enso e VCP Celulose não comentaram o assunto.
Entenda o caso
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(Pioneiro, 10/04/2008)