Inspetores da região encontram animais sem registro, surtos de aftosa encobertos e outras irregularidades
Surtos de aftosa que podem ter sido abafados, gados já abatidos que apareciam como vivos no Sisbov, fraude, animais sem registro e movimentos de gado entre regiões contaminadas pela febre aftosa e zonas livres da doença. Esse cenário de verdadeiro caos é que os inspetores e veterinários europeus encontraram no Brasil e que levou à suspensão parcial do comércio de carne do País há dois meses.
Um relatório feito no final do ano passado pela União Européia será divulgado publicamente entre quinta e sexta-feira. As conclusões são de um sistema que não tem qualquer controle e informações adulteradas. "Falhas sistêmicas foram identificadas em relação ao registro das fazendas, identificação de animais e controle de movimentos", afirma o documento, obtido pelo Estado antes de sua publicação oficial.
Ainda que alguns erros tenham sido corrigidos e que uma nova missão européia já tenha visitado o País em março, as constatações do documento ainda preocupam e só agora as evidências se tornarão públicas. O documento mostra que 22 fazendas com o surto da aftosa não tiveram suas informações passadas aos europeus ou à OIE. A constatação é de que a Europa possa ter de fato importado carne de fazendas em zonas contaminadas e que alguns casos de surto possam ter sido abafados para evitar problemas na exportação de carne.
(Jamil Chade, O Estado de São Paulo, 09/04/2008)