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2008-04-10

A economia do clima, orientada à preservação ambiental no mundo, deu um primeiro passo, mas faltam muitos mais para conseguir o objetivo proposto, concluíram duas centenas de especialistas na reunião de dois dias finalizada quarta em Barcelona. Jordi Ortega, diretor da Expo CO2, cujo lema é “Economia do clima, políticas, negócios e tecnologias”, disse por telefone à IPS, ao fim do encontro, que “a economia do clima está dando seus primeiros passos e ainda tem um longo caminho pela frente, um percurso que afeta áreas muito diversas e um amplo grupo de atores.

Entre as principais conclusões da reunião se destaca a idéia de que sem dúvida ocorrerão, no curto prazo, “modificações integrais das políticas públicas relacionadas com a mudança climática, que reduzam sua vulnerabilidade e tenham em conta os riscos do clima na avaliação integral dos processos públicos”.

Uma mostra da diversidade que é o conglomerado de órgãos públicos e privados representados na conferência é a presença de Eloy Alvarez Pelegrín, diretor de Meio Ambiente da União Fenosa, a primeira firma defender o armazenamento de carbono (CCS), e de Sylvie Giscaro, coordenadora européia do Carbon Disclosure Projects, um projeto internacional de fundos de investimento e capital de risco em carbono que somam US$ 31 bilhões.

Outras presenças de destaque foram as de Stephen Haddrill, diretor-geral da Associação British Insure, consórcio de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de planos de adaptação na Grã-Bretanha, e Laurence Tubiana, diretora do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais da França. Também participaram do encontro na capital catalã Franz-Josef Schafhausen, diretor de Mudança Climática e Energia do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, e Eduardo Dopazo, gerente dos Fundos Espanhol e Italiano de Carbono, que fazem parte da Unidade de Carbono do Banco Mundial, o organismo que desenvolve mais projetos de desenvolvimento limpo.

Sobre o tema debatido, Ortega acrescentou que “a captura e armazenamento de carbono “favorece o mix energético sem produzir emissões de dióxido de carbono (CO2) e também proporciona uma combustão com energias renováveis que permitem uma geração energética baixa deste gás causador do efeito estufa. Mas, esse sistema para capturar CO2 procedente da queima de combustíveis fósseis e armazená-lo sob o mar ou na superfície terrestre não é considerado positivo por organizações ambientalistas.

O Greenpeace, uma das mais reconhecidas, disse que esse sistema “supõe um aumento do custo da geração elétrica superior a 50% e aumentar em 30% o combustível queimado para obter a mesma quantidade de energia”. Além disso, esta organização não-governamental afirma que esse mix supõe gastos de longo prazo para a supervisão e verificação necessária que garanta a retenção do dióxido de carbono armazenado, sendo que tudo isto ainda não foi estimado. Por essa razão, conclui que “esta tecnologia de captura e armazenamento, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática do qual fazem parte 2.500 cientistas, não é uma solução para a mudança climática e não é uma tecnologia limpa, como alguns querem nos fazer crer”.

Entretanto, os especialistas que se reuniram em Barcelona são otimistas, pois consideram que a União Européia poderá cumprir o objetivo de reduzir em 70% as emissões de gases contaminates. Um dos fatos que gera este otimismo é o aumento do preço do CO2, de 25 euros (US$ 39) a tonelada, este ano, calcula-se que chegará até 46 euros em 2012. com este preço, afirmou Dopazo, o CO2 já tem um valor competitivo que permitirá aumentar investimentos para a inovação e redução das emissões desses gases. Dopazo recordou que atualmente estão detectadas reservas de carvão 50 vezes maiores do que as de petróleo e que uma correta distribuição de CO2 pode representar um desenvolvimento limpo da base energética.

Ortega, por sua vez, disse que os participantes coincidiram em que uma economia sem carbono deve ter horizontes energéticos de futuro limpos. E que “em poucos anos, se passou de uma perspectiva sem carvão para a possibilidade de esta matéria-prima ser uma fonte energética de transição”. Para isso é necessário incorporar as tecnologias de captura e armazenamento de CO² (CCS), que oferecem oportunidades a todos os setores: térmicas de carvão, poços de petróleo, pesquisadores, consultorias, e supõe uma oportunidade positiva para muitos setores”.

A empresarial Fundação Fórum Ambiental, que junto com a Câmara de Comércio de Barcelona organizou o encontro, tem como objetivo favorecer o diálogo e a colaboração entre as empresas, as administrações e o restante da sociedade, “para obter e aplicar conjuntamente um modelo de desenvolvimento mais sustentável que o atual”, segundo seus estatutos. O problema da emissão de gases contaminastes foi enfrentado pela Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática que deu origem, em 1997, ao Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 2005 e está voltado a luta contra o aquecimento do planeta.

Nele, a maioria dos países industrializados, com exceção dos Estados Unidos, se comprometeu a reduzir entre 2008 e 2012 suas emissões em 5,2% em relação às registradas em 1990. Segundo a Fundação Fórum Ambiental, “o mercado de emissões pode ajudar a superar os custos econômicos produzidos pela mudança climática e por um custo ao CO2 é a forma de trasladar o risco da mudança climática ao mercado”. Enquanto isso ocorre olhar para o futuro e afirmar que “os novos carburantes, as tecnologias da comunicação e o desenvolvimento das energias renováveis são fruto da inovação e investigação da sociedade do conhecimento e da comunicação, que persegue um amplo desenvolvimento social, a igualdade planetária e, em definitivo, o desenvolvimento global sustentável”.

(Por Alicia Fraerman, Envolverde, IPS, 09/04/2008)


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