No Porto Novo, foram descarregadas vestimentas especiais e equipamentos
O navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, da Marinha do Brasil, atracou no cais do Porto Novo, em Rio Grande, ontem (8), às 13h30min, vindo da Antártica. Às 20h desta quarta-feira, deve seguir viagem para o Rio de Janeiro, onde sua chegada está prevista para o próximo dia 13, completando a 26ª Operação Antártica. No Porto Novo, assim que o navio chegou, começaram a ser descarregadas as vestimentas especiais para o frio utilizadas pela tripulação e pesquisadores que retornaram na embarcação, mais o material e equipamentos utilizados por pesquisadores durante a operação. As vestimentas e material ficam com a Estação de Apoio Antártico (Esantar), que irá prepará-los para a próxima edição.
A 26ª Operação Antártica (Operantar) começou em 7 de outubro do ano passado, quando o Ary Rongel deixou a cidade de Niterói para seguir em direção ao continente gelado.
A missão teve como propósitos apoiar logisticamente a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), implantar acampamentos científicos no continente antártico, realizar a bordo pesquisas oceanográficas e levantamentos hidrográficos, além de estreitar laços de amizade com os países amigos que são visitados. Conforme o comandante do navio, capitão-de-mar-e-guerra Arlindo Moreira Serrado, esta foi a mais longa Operação Antártica brasileira. Durou 189 dias, devido ao aumento no número de pesquisas e ao Ano Polar Internacional (2007-2008). Também foi a que teve maior número de pesquisadores - em torno de 230.
Durante essa campanha, além de suas tarefas rotineiras, o Ary Rongel abasteceu a base argentina "Esperanza", apoiou a estação polonesa "Arctowisk" e a estação búlgara "Ohridiski". Também foi a operação antártica em que foram realizadas mais horas de vôo (236,4h), com 557 pousos e decolagens a bordo.
Mergulhador desaparecido
O Ary Rongel retorna ao Brasil sem um tripulante: o segundo-sargento mergulhador Laércio de Melo Olegário, 42 anos, do Rio de Janeiro, que está desaparecido desde o dia 15 de março. O comandante informou que continua em andamento o inquérito policial militar aberto pela Marinha para saber como ele desapareceu de bordo do navio. O Ary Rongel estava na Baía do Almirantado, seguindo para a Estação Antártica chilena, quando ocorreu o desaparecimento do mergulhador. Segundo Serrado, as condições climáticas estavam normais, não estava ventando, o mar estava calmo e o navio se encontrava em área abrigada. Além disso, explicou que ninguém fica no convés quando o navio está navegando, só na parte coberta. Não havia trabalho na área externa.
Por volta das 6h30min do dia 15 de março, o circuito interno de televisão ainda registrou a presença do mergulhador no navio. A ausência do tripulante foi percebida por volta das 7h30min. Em seguida, foram feitas buscas em todo o navio, mas sem êxito. Arlinho Serrado disse que foram feitas buscas na região durante oito dias, com navio, botes, aeronaves, inclusive das estações polonesa e chilena, e outras estações também atuaram nas buscas. Dentro do inquérito, todas as pessoas do navio que podem ter informações relacionadas ao tripulante estão sendo ouvidas. "Era a segunda viagem dele, que era experiente. A tripulação ficou bastante triste. Todos se consideram uma família, pois passamos seis meses juntos", observou o comandante, relatando que os aniversários costumavam ser festejados a bordo, o que deixou de ser feito após o desaparecimento de Laércio. O inquérito tem prazo de 60 dias para ser concluído.
(Por Carmem Ziebell, Jornal Agora, 09/04/2008)