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arborização urbana construções ecológicas planejamento urbano
2008-04-08

O Distrito Federal possuí uma demanda habitacional de cerca de 120 mil moradias, concentrada na faixa de baixa renda, que ganha até três salários mínimos, conforme explicou o Diretor de Planejamento Urbano do Ministério das Cidades, Benny Schasberg. No entanto, o Governo do Distrito Federal (GDF) vem anunciando com entusiasmo a construção do Setor Noroeste, o primeiro Bairro Verde do país.

O projeto prevê a construção 22 quadras de imóveis de alto padrão entre a Asa Norte e o Parque Nacional de Brasília. A implementação do projeto aguarda apenas a emissão da licença de instalação pela Superintendência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) no DF.

Para Benny Schasberg “não se justificaria fazer o bairro Noroeste com essa concepção que está sendo proposta, que privilegia exclusivamente o mercado de alta renda e propõe criar um território segregado”. Benny, que já foi diretor do Instituto de Planejamento Urbano e Territorial do DF, atual Secretária de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, acredita que existem áreas vazias, inclusive dentro do Plano Piloto de Brasília, que poderiam atender a demanda habitacional de alta renda. Schasberg ressalta que um modelo de expansão urbana com forte segregação social, como o que está sendo aplicado no Noroeste, é ambientalmente danoso, porque ocupa o território de maneira desequilibrada.

Na opinião do professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Flósculo, o projeto do Urbanista Lúcio Costa, Brasília Revistada, que criou o Setor Noroeste e outras áreas de expansão de Brasília não está baseado em estudos de impacto ambiental. “Lúcio Costa, quando decidiu pela criação do Noroeste fechou a linha tracejada dos desejos de localização junto ao valorizado Plano Piloto”, avaliou o professor. De acordo com ele, a escolha do local do bairro levou em conta apenas a valor imobiliário da localização, para ele, existem outras áreas, na região do Gama e da Samambaia, que poderiam acomodar melhor o crescimento da cidade.

Flósculo acredita que o Setor Noroeste terá um impacto negativo sobre o Parque Nacional de Brasília, devido à proximidade do projeto com a área de proteção ambiental. O professor lembra que, apesar de parte do abastecimento de água do Distrito Federal vir de mananciais dentro do parque, foi permitida a instalação de um lixão, o Aterro do Jóquei, na outra extremidade da área de preservação. Ao redor do lixão se consolidou através dos anos a Invasão da Estrutural. Flósculo disse que a invasão e o lixão, somados a projetos como o Setor Noroeste e a Cidade Digital, que também será construída na região, são um “assédio” ao Parque Nacional.
 
O Bairro Verde
O GDF, em contrapartida, apresenta uma série de compensações ambientais que tornariam o bairro sustentável e “verde” , como o Parque Burle Marx, que deverá ser construído próximo ao setor. Pelo projeto os prédios também deverão ser incrementados com outras funcionalidades ecologicamente corretas, como aproveitamento de água da chuva, utilização inteligente de energia solar, iluminação e ventilação naturais.

Mas para o professor do departamento de Engenharia Florestal da UnB, Henrique Leite Chaves, existem pontos mais importantes para garantir a sustentabilidade do bairro. “Não adianta ter bairro verde bonitinho, com jardinzinho, a questão mais profunda é a questão do esgoto”, afirma Chaves. Para o professor precisa se estudar com profundidade se o Lago Paranoá está apto a receber mais uma carga significativa de nitrogênio e fósforo provenientes do esgoto tratado.

O Lago Paranoá já recebe atualmente uma carga de esgoto tratado em nível terciário de 600 mil pessoas, fora à poluição advinda de alguns afluentes. Apesar disso a Companhia de Águas e Esgotos de Brasília (CAESB), afirma a boa qualidade das águas do lago em sua página na Internet. O Lago Paranoá já apresentou, no passado, problemas de eutrofização, que levaram o corpo d’ água a exalar mau cheiro.

O professor Chaves também faz considerações a respeito da água que abasteceria o novo bairro, em grande parte proveniente do Córrego Bananal, um dos principais afluentes do Paranoá. “O aqüífero que abastece o Bananal nas suas cabeceiras está sendo contaminado pelo lixão da estrutural”, avaliou Chaves. No entanto, a Agência Reguladora de Água e Saneamento, ADASA, garantiu a qualidade da água do córrego Bananal.
 
Os índios
Outro ponto de discussão quanto à criação do Setor Noroeste é um grupo de índios que reside a mais de trinta anos no local onde se pretende construir o bairro. Os indígenas alegam possuir ligações emocionais e espirituais com o local que eles denominam como “Santuário dos Pajés”. O GDF disse que pretende remover a comunidade para uma área próxima, onde será criado o Parque Burle Marx.

Os índios vieram para a região após serem expulsos de sua terra natal em Pernambuco. Mas além desses ocupantes, indígenas que chegam à cidade também se hospedam no local, que acaba funcionando como um ponto de encontro e parlamento para os índios. Os indígenas não concederam entrevistas para esta reportagem, estão evitando a imprensa desde que se consideraram desrespeitados em matérias publicadas em jornais de circulação nacional. 

(Por Daniel Mello, Agência Brasil, Eco Agência, 07/08/2008)
 


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