PM´s levaram pequeno bugio para clínica. Ele teria cerca de 15 dias de vida

Em média, a cada mês um animal silvestre é arrancado do seu habitat e acaba abandonado em áreas urbanas do Vale do Rio Pardo. A constatação é de especialistas no assunto. O mais recente exemplo deste desrespeito à natureza é um filhote de bugio com cerca de 15 dias de vida, encontrado ontem junto ao meio-fio de uma rua em Santa Cruz do Sul.

Um motorista havia recém estacionado na Rua Castro Alves, Bairro Senai, quando notou o pequeno macaco. Ele acionou a Brigada Militar e a Patrulha Tático-Móvel foi até lá. Os PMs levaram o filhote à Clínica Veterinária São Francisco, que após os primeiros atendimentos deverá encaminhá-lo a um centro de readaptação situado em Passo Fundo. Mesmo destino terá outro bugio pouco maior, também encaminhado recentemente à São Francisco.

“Situações como estas têm sido comuns”, lamenta o veterinário Sandro Lima, da clínica. Ele acredita que as capturas venham ocorrendo durante passeios pelo interior. “Depois da euforia inicial, as pessoas se dão conta de estarem cometendo um crime e abandonam os animais na rua.”

Para Sandro, provavelmente foi o que aconteceu ao bugio encontrado ontem. “É a única explicação. Como um filhote que nem abre os olhos poderia aparecer sozinho em plena área urbana?” Segundo ele, pelo menos uma vez por mês a clínica recebe quatis, jaguatiricas, lontras e, principalmente, bugios abandonados.

O comandante da Polícia Ambiental (Patram) de Rio Pardo, sargento Márcio Palma de Brito, confirma a estimativa. “Isto ocorre com relativa freqüência na região.” Ele comenta que a situação se torna ainda mais preocupante quando envolve animais não nativos.

Brito conta que há cerca de três meses foi encontrado em Santa Cruz, nas proximidades do Parque da Oktoberfest, um sagüi, macaco oriundo da Região Norte do País. “Este deve ter escapado de algum cativeiro. Por ser de outra região, é o tipo de animal capaz de ocasionar desequilíbrio ambiental em liberdade”, revela. O sargento ressalta ainda que é proibida a captura de animais silvestres. Já se encontrarem um deles ferido, as pessoas devem acionar a Patram, pelo telefone (51) 3731 4822 ou pelo 190.
 
(Por Ricardo Düren, Gazeta do Sul, 07/04/2008)