Os perigos das mudanças climáticas para a saúde humana foram destacados ontem (7), no Dia Mundial da Saúde, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a epidemia de dengue é apontada como um dos possíveis efeitos do aquecimento global.
A sanitarista e especialista em Saúde Pública da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), escritório regional da OMS, Mara Lúcia Carneiro Oliveira, afirma que o aumento da temperatura e da umidade, aliado ao desmatamento, favorece a proliferação do mosquito da dengue em áreas urbanas.
“O que precisa é mais integração: ampliar a vigilância sobre a qualidade da água, dar mais importância ao controle dos vetores, ter uma resposta mais rápida em situações de emergência, capacitar pessoal para reconhecer os fatores do meio ambiente que interferem na saúde e desenvolver essas ações intersetoriais”, diz a sanitarista.
Nesta semana, em Brasília, a Opas reunirá representantes de países da América do Sul e da América Central para o desenvolvimento de um plano de ação do setor saúde, tendo em foco o aquecimento global.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, reconhece que a dengue pode ser considerada um exemplo de como as mudanças climáticas colocam em risco a saúde pública.
"É sabido hoje, por exemplo, que a dengue, com o aumento da temperatura, regiões no sul dos Estados Unidos e Europa, estão se tornando zonas endêmicas porque o aumento da temperatura faz com que o mosquito possa proliferar naqueles ambientes”, afirma Guimarães.
No entanto, para ele, casos como o da tuberculose, que não guardariam nenhuma relação com as alterações do clima, mostram que não há uma única causa para que as doenças tropicais ou negligenciadas estejam no patamar preocupante que ocupam.
"O aquecimento global é um problema extremamente importante, mas não pode ser responsabilizado por tudo de mal que ocorre na face da Terra.”
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Agência Brasil, 07/04/2008)