Bombeiros aguardam chuva para deter incêndio que dura nove dias

Os moradores de Tapes, 103 quilômetros ao sul de Porto Alegre, acompanham a propagação de um incêndio que atinge o Pontal de Santo Antônio, na beira da Lagoa dos Patos. Local, de difícil acesso por terra e por água, terá de esperar por uma chuva para que o fogo, iniciado há nove dias, seja contido.

O incêndio começou em 29 de março, perdeu força durante a semana e voltou a ficar forte no sábado. O céu limpo facilitava a visão da nuvem de fumaça que se estendia até Arambaré. Parte da área de preservação permanente já foi atingida, e o fogo consome uma plantação de pínus e um macegal de vegetação nativa.

Conforme Erni Cardoso da Silva, coordenador da Defesa Civil em Tapes, nenhuma intervenção foi feita por se tratar de uma área particular. O órgão se responsabilizou por avisar as autoridades de Pelotas, para mantê-las alertas, caso o incêndio saísse do controle - o que, para Silva, não ocorreu. A área de plantação de pínus pertenceria à empresa Pinheirais da Lagoa.

O município, com menos de 18 mil habitantes, não conta com Corpo de Bombeiros. Há uma equipe de voluntários treinados, que trabalham com poucos equipamentos.

Ajuda veio de cidade vizinha
Para ajudar no controle do fogo, foram chamados profissionais de Camaquã. Comandante do Corpo de Bombeiros da cidade vizinha, o tenente Jair Paula da Silva diz que a área atingida é confinada em região de banhado e o fogo não irá se propagar. Silva vistoriou o local e constatou que não há riscos aos animais, que fugiram dos focos do incêndio. Para ele, o emprego de homens não se justificaria:

- O fogo vai se extinguir ao natural. O combate seria perigoso.

O Comando Regional de Canoas fez dois vôos sobre o local ainda na semana passada, no domingo e na segunda-feira. Na ocasião, foi definido que não seria realizado o combate às chamas, em virtude do risco. Silva calcula que, apenas no primeiro dia da ocorrência, 15 hectares de terra estavam comprometidos.

Elda Bastiani Cascaes, 43 anos, costuma navegar pela região há cinco anos, e esteve no local. Ela conta que, apesar de uma chuva forte ter caído sobre Tapes na quarta-feira, o fogo continua e espalha fumaça. O ambientalista Julio Wandam critica a falta de ação frente ao episódio. Para ele, a resposta das autoridades de que nada pode ser feito é insuficiente. Wandam acredita que o incêndio poderia ser isolado, ao menos nas partes em que a vegetação é alta.

(Zero Hora/Ecoagência, 07/04/2008)