Parcerias nas áreas de biossensores e tecnologia de controle de qualidade de biocombustíveis, especialmente o biodiesel, estão em discussão no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene/MCT) e na Embrapa Instrumentação Agropecuária. Para que as duas instituições troquem mais informações sobre suas experiências, o chefe geral da unidade da Embrapa, Álvaro Macedo, e os pesquisadores Paulo Herrmann Júnior e Cauê Oliveira visitam, nesta sexta-feira (4), as instalações do Cetene, no Recife (PE).
Herrmann Júnior é um dos pesquisadores envolvidos na criação da língua eletrônica, invenção já patenteada e utilizada na análise da qualidade de substâncias como o café, sucos e água. A língua eletrônica é um dos projetos mais famosos de nanotecnologia desenvolvidos no Brasil. O equipamento foi criado pela Embrapa e pela Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), em 2001. Ela utiliza unidades sensoriais que conseguem perceber o gosto de forma ainda mais apurada que a língua humana.
"Queremos utilizar uma espécie de língua eletrônica para fazer o controle digital da qualidade do biodiesel armazenado, que é o uso de biosensores", aponta Fernando Jucá, diretor do Cetene. A intenção é associar estes biosensores a um equipamento de coleta e transmissão de informações, que nada mais é do que uma interface inteligente do sistema desenvolvido pelo Laboratório para a Integração de Circuitos e Sistemas (LINCS/MCT), uma design house que integra a estrutura do Cetene.
Inicialmente, os biossensores devem ser colocados no tanque de armazenamento de biodiesel da Usina de Biodiesel de Caetés, município do Agreste Meridional de Pernambuco. A usina é administrada pelo Cetene. As informações sobre a qualidade do biodiesel devem ser transmitidas via microondas pelo dispositivo eletrônico desenvolvido no LINCS para a central de informações do Cetene, em Recife.
"Existe hoje uma preocupação em controlar a qualidade do biodiesel, porque a tendência é que sua utilização na mistura com o óleo diesel seja crescente", aponta Jucá. O processo de produção do biodiesel faz com que, quando armazenado, ele sofra um processo natural de degradação, corrosão ou adulteração.
Desde 1º de janeiro último, está em vigor a obrigatoriedade de utilização de 2% de biodiesel no óleo diesel – o B2. O governo federal quer chegar ao B5 e o Cetene já avalia o uso do B20 em motores estacionários no arquipélago de Fernando de Noronha, território do estado de Pernambuco.
Além de conhecer as instalações do Cetene, com ênfase nas áreas de microscopia eletrônica, biofábrica e microeletrônica, os pesquisadores devem repassar informações sobre pesquisas em desenvolvimento pela Embrapa Instrumentação Agropecuária nas áreas onde o Cetene também atua. Cauê Oliveira também deve proferir palestra sobre a experiência da Embrapa na área de nanotecnologia.
(Carbono Brasil, 05/04/2008)