Projeto em tramitação no Congresso prevê que a produção de energia elétrica a partir de fonte nuclear não seja monopólio da UniãoUsina nuclear poderá ser instalada no NE
Risco de Apagão - Ministério das Minas e Energia prevê que Nordeste precisará triplicar potencial energético até 2030 para crescer satisfatoriamente O nordeste pode virar alvo de investidores privados interessados em produzir e operar reatores nucleares para geração de energia elétrica.
Com a Proposta de Emenda à Constituição nº 122 de 2007, que está tramitando na Câmara Federal, a produção de energia elétrica a partir de fonte nuclear deixaria de ser monopólio da União e estaria aberta ao capital privado. Nesse contexto, o Nordeste seria o grande beneficiado no Brasil, por ser, naturalmente, uma região economicamente viável para receber esses investimentos. "Penso que o Nordeste é uma das regiões que mais seria beneficiada com isso, porque sua capacidade de produção de energia hidrelétrica é muito pequena e os núcleos urbanos estão concentrados no Litoral. Com isso, certamente a Região seria beneficiada", apostou o autor da PEC, deputado Alfredo Kaefer (PSDB/PR).
No Brasil, só existem duas usinas nucleares: Angra I e II, ambas no Rio de Janeiro. A terceira - Angra III - também está sendo projetada para esse estado. O professor do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Brayner, acredita que o próximo projeto seja destinado para a Região. "A quarta usina nuclear, se vier, será para o Nordeste, segundo o plano nacional de energia. Porque aqui não tem mais potencial hídrico em grande escala para explorar e também não tem reservas de combustíveis fósseis em grande quantidade. Portanto, se alguma empresa privada for investir na construção de usina no Brasil, terá grande possibilidade de ser feita no Nordeste", afirmou o especialista.
O objetivo da PEC é que o Brasil possa se desenvolver economicamente com segurança energética. Segundo o texto da proposta, estimativas divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia indicam que, até o ano de 2030, para que possa crescer satisfatoriamente, o Brasil precisará triplicar sua produção de energia elétrica. Portanto, a energia nuclear passa a desempenhar papel preponderante no desenvolvimento da oferta de eletricidade. Ainda conforme o relatório, os custos já são competitivos e a segurança, para o caso dos modernos reatores, é elevada. "Para podermos crescer, a iniciativa privada tem que fazer parte desse mercado, construindo usinas nucleares tal como constrói uma termelétrica hoje", condicionou Kaefer.
Para o parlamentar, ao quebrar o monopólio da União, o Brasil estaria seguindo uma tendência mundial. "Mais de 50% da energia mundial é gerada por usinas nucleares. No Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Japão, as empresas privadas já participam", disse.
(Jornal da Paraiba,
FGV, 07/04/2008)