Invento é resultado de quatro anos de pesquisa de arquiteto pelotense, supervisionada pela UFPel 
 
Um arquiteto pelotense criou uma forma de aproveitamento de pneus radiais usados, que acabavam acumulados em pátios de borracharias e gerando ambientes propícios à proliferação de insetos transmissores de doenças como a dengue: transformou-os em tubulações para esgoto. Funcionário da Secretaria Municipal de Qualidade Ambiental, Fernando Caetano era constantemente procurado por borracheiros que não encontravam destino para esse material. Após quatro anos de pesquisas e testes supervisionados pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o produto, batizado de Ecoduto, foi instalado no início deste ano e passou a funcionar com sucesso em dois loteamentos da periferia da cidade. Agora, Caetano espera ver o invento popularizado no resto do Brasil.

'O pneu comum é facilmente reciclado, mas no radial é impossível separar o aço da borracha e isso impedia seu reaproveitamento', explica. A idéia surgiu quando o arquiteto percebeu, em vilas da cidade, o uso de pneus enfileirados como pontilhões para passagem de pedestres sobre valetas. Ao tentar facilitar a vida dos moradores da periferia amarrando os pneus com arame galvanizado, ele descobriu um comportamento físico-mecânico que tornava o material resistente às pressões do terreno e extremamente favorável à utilização dos compostos como tubulações.

A partir da descoberta, Caetano adaptou uma prensa hidráulica para o tamanho dos pneus e, pronto. Hoje, em 7 minutos ele consegue fazer 1 metro de uma tubulação capaz de resistir à pressão da água, com um preço 70% menor se comparado aos tubos de concreto atualmente usados na construção civil e que podem levar até 400 anos para se decompor. Cada metro de tubulação consome seis pneus de caminhão ou oito de carro.
 
(Por Álvaro Guimarães, Correio do Povo, 05/04/2008)