Berlim renuncia ao plano de aumentar a proporção de etanol na gasolina a partir de 2009 porque mais de 3 milhões de automóveis no país teriam de abastecer gasolina mais cara para evitar problemas de corrosão. A decisão do ministro Sigmar Gabriel foi anunciada nesta sexta-feira (4/4), depois que a associação dos fabricantes internacionais VDIK estimou que 3,3 milhões de veículos, ou seja, 30% dos carros em circulação no país, teriam problemas se a concentração de etanol na gasolina fosse aumentada dos atuais 5% para 10%.
Somam-se a estes os 190 mil carros nacionais, que segundo a Associação Alemã da Indústria Automobilística (VDA) não estão protegidos contra uma eventual corrosão provocada pelo etanol em mangueiras, materiais de vedação e em peças de alumínio do motor. Sigmar Gabriel havia alertado que, se o número de veículos incompatíveis fosse superior a 1 milhão, iria desistir do projeto. Ele não quer assumir a responsabilidade pelo fato de milhões de proprietários de veículos terem de abastecer a cara gasolina especial, de maior octanagem. Gabriel lembrou que a medida atingiria justamente os motoristas de menor poder aquisitivo, que não têm condições financeiras para trocar de carro.
Meta é reduzir emissão de CO2
O aumento da concentração de etanol na gasolina faz parte da estratégia do governo alemão de substituir os combustíveis fósseis por biocombústíveis. A Alemanha precisa colocar em prática uma diretriz de 2003 da União Européia, através da qual se pretende cumprir as metas climáticas do Protocolo de Kyoto. Um acordo da União Européia prevê que os veículos produzidos a partir de 2012 emitam apenas 120 gramas de dióxido de carbono por quilômetro rodado. A meta alemã é diminuir 10 gramas das emissões através do uso de biocombustíveis.
Tanque cheio, prato vazio
O cancelamento do plano não significa, segundo o ministro, que a Alemanha tenha desistido de sua estratégia em relação aos combustíveis produzidos a partir de fontes renováveis. Serão mantidos os limites de até 5% de etanol adicionado às gasolinas comum e aditivada (E5), assim como de 7% de biocombustível no caso do diesel, assegurou. Nas últimas semanas, o projeto E10 vinha sendo alvo de críticas não só dos automóveis clubes e de políticos alemães. Também organizações ecologistas criticam que a produção de biocombustíveis leva à destruição de florestas e que o cultivo da matéria-prima se dá em detrimento da produção de alimentos.
(Deutsche Welle, 05/04/2008)