Cerca de 1.200 delegados de 163 nações aprovaram nessa sexta (04/4), em Bangcoc, a agenda de negociações de um novo acordo para combater de maneira mais certeira e completa a mudança climática a partir de 2012, quando termina a vigência do Protocolo de Kyoto.
"Temos todos os elementos do Plano de Ação de Bali", destacou o esloveno Andrej Kranjc, um dos representantes da Comissão Européia (CE) na reunião, em referência ao "Mapa de Caminho" aprovada em dezembro nessa ilha indonésia.
Conhecida por alguns como "Kyoto 2", começará a ser negociada na Alemanha em junho e o primeiro tema a ser tratado será a transferência de tecnologia dos países industrializados aos emergentes.
As nações em vias de desenvolvimento negaram-se, nestes cinco dias de debates na capital tailandesa, a aceitar controles ou reduções de suas emissões de gases poluentes, enquanto os países ricos não se comprometam firmando definitivamente ajuda financeira.
Em agosto, será realizada outra reunião em Gana que abordará, segundo foi decidido hoje, o reflorestamento e o combate ao desmatamento, ações que os cientistas consideram essenciais para combater o aumento das temperaturas do planeta.
A proposta do Japão de negociar uma redução da emissão de dióxido de carbono por setores, introduzida em Bangcoc, foi rejeitada por algumas delegações, entre elas a China e a Índia e foi deixada para agosto, apesar da forte pressão exercida pela representação japonesa.
O grupo de trabalho decidiu adiar para 2009 as discussões sobre as obrigações dos Estados Unidos, na esperança de que o novo presidente americano eleito em novembro seja mais propício a aceitar compromissos que o atual, George W. Bush.
Os EUA são o único país industrializado que se negou a ratificar o Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 2006 para atuar sobre as emissões de anidrido carbônico, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hidrofluorocarbono, perfluorocarbono e hexafluoreto sulfúrico.
A última reunião da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática deste ano será realizada na Polônia, em dezembro.
O outro grupo de trabalho, com a incumbência de supervisionar o cumprimento dos acordos de Kyoto, aprovou com menos problemas que o anterior a exploração de vias para reduzir as emissões de gases poluentes em aviões e navios, um volume que representa entre 5% e 8% do total das emissões que causam o efeito estufa.
A União Européia (UE), que impulsionava a iniciativa com a Noruega, desejava um compromisso mais ambicioso, mas pelo menos conseguiu a superação das reservas das nações emergentes e o compromisso, por parte desses países, de estudar a opção.
O bloco europeu, uma das frentes que buscou maiores compromissos na reunião de Bangcoc, firmou acordo em 2007 para reduzir em 20% suas emissões de CO2 até 2020.
As delegações do Brasil e África do Sul propuseram a alternativa de que os níveis de emissão fossem cortados pelas nações industrializadas e controlados pelas emergentes.
Outro ponto de controvérsia surgiu com a proposta do Banco Mundial de aprovar a criação de fundos especiais para que os estados em vias de desenvolvimento consigam créditos para poder financiar as reformas necessárias.
Os afetados e as organizações ambientalistas acusaram o Banco Mundial de tentar controlar o financiamento da luta contra a mudança climática, esforço que os cientistas e empresários calculam que custará bilhões de dólares.
A oferta do Banco Mundial, de estabelecer um Fundo para Tecnologia Limpa de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões, e outros de US$ 500 milhões para adaptação, ainda são discutidas.
Apesar das grandes diferenças expostas em Bangcoc, que prevêem um longo, difícil e tortuoso caminho de negociações, o propósito dessa reunião foi cumprido: conseguir uma agenda de trabalho.
(Yahoo!/AmbienteBrasil, 05/04/2008)