Empresa é líder do ranking da distribuição no País, desde 1971, por meio de sua subsidiária BR Distribuidora
Depois de consolidar seu retorno à petroquímica - com uma cesta de aquisições e parcerias que envolveu as principais empresas do setor, como Braskem, Ipiranga, Ultra, Unipar e Suzano -, a Petrobrás volta a investir pesado no segmento de distribuição de combustíveis. A estatal está na reta final para a compra dos postos da Esso no Brasil e no Chile, aproveitando a decisão da empresa americana de se desfazer dos ativos latino-americanos. O negócio, avaliado em US$ 1 bilhão, está sendo tocado em parceria com a distribuidora AleSat.
Resultado da fusão da mineira Ale com a Sat, que atua no Nordeste, a parceira da Petrobrás deve ficar com cerca de 40% dos ativos da Esso e a estatal, com a maior parte do negócio. A proposta foi entregue e, segundo fontes, o fechamento do negócio depende agora integralmente da Esso.
A Petrobrás é líder do ranking da distribuição no País, desde 1971, por meio de sua subsidiária BR Distribuidora, que hoje detém 34,3% do mercado. Para fugir de eventuais questionamentos sobre concentração de mercado, optará por uma engenharia de divisão de ativos semelhante à que foi usada na compra da Ipiranga. De acordo com uma fonte que acompanha as negociações, a Petrobrás ficará não apenas com os postos da Esso no Chile, mas também com uma fatia dos ativos brasileiros.
Na divisão nacional, o corte será feito de maneira regional, de forma a evitar que, em cada região, a BR exceda o limite concorrencial de participação no mercado. A parceria com a AleSat é estratégica para driblar um possível posicionamento contrário do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade).
No caso da Ipiranga, a estatal optou por dividir com a Braskem o segmento petroquímico e, na parte da distribuição, ficou apenas com a rede de postos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde a Ipiranga tinha presença marginal. No Sudeste e Sul, onde a empresa estava na vice-liderança da distribuição, os postos ficaram com o Grupo Ultra, que não modificou o nome comercial da empresa.
Hoje, a Esso ocupa uma fatia de 4,8% no mercado de distribuição de combustíveis no País. De acordo com o market share de postos de revenda da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a Esso hoje possui 5,6% de participação no Sudeste e 5,2% no Sul. Nas demais regiões, essa participação fica abaixo dos 2%.
Por esses mesmos dados, com a aquisição, a Petrobrás ocuparia o primeiro lugar no market share da revenda na Região Sudeste, com 22% , e segundo lugar na Região Sul, com 21,3%, seguida de perto pela Ipiranga, hoje nas mãos do Grupo Ultra. Segundo o Estado apurou, o Grupo Ultra teria ficado de fora nessa parceria, apesar dos rumores iniciais de participação em uma fatia do negócio.
Texaco
O Grupo Ultra teria feito proposta sozinho para as Regiões Sul e Sudeste, mas, segundo fontes do mercado, a proposta foi recusada porque a americana Exxon Mobil (matriz da Esso) tem interesse em vender todos os ativos juntos. Ainda de acordo com fontes, o grupo estaria agora de olho em ativos da Texaco, que também estaria estudando a perspectiva de se desfazer de seus ativos na distribuição no Brasil. O Grupo Ultra nega as informações.
Do portfólio de ativos da Esso na América Latina, só deverão ficar de fora do negócio os ativos na Argentina, já que a companhia desistiu de se desfazer desses ativos. A desistência ocorreu depois que o governo argentino estipulou que apenas empresários locais poderiam adquirir a empresa. Segundo fontes, isso pode ter feito com que o preço tenha se depreciado de tal maneira que desestimulou a venda.
(Por Irany Tereza e Kelly Lima, Estadão, 05/04/2008)