Teerã - O Irã disse neste sábado que seguirá em frente com os planos de expandir o seu programa nuclear, após diplomatas em Viena terem dito que Teerã estava instalando centrífugas avançadas em sua principal planta de enriquecimento de urânio.
O porta-voz do governo também rejeitou qualquer possibilidade de paralisar o processo, que os Estados Unidos suspeitam de ter como objetivo construir bombas nucleares em troca de benefícios comerciais e tecnológicos, entre outros.
Falando pouco antes do Dia Nacional da Tecnologia Nuclear na república islâmica, que será comemorado em 8 de abril, Gholamhossein Elham afirmou que esperava por "boas notícias" nessa data, mas não especificou quais seriam elas.
O quarto maior produtor de petróleo do mundo alega que precisa produzir combustível nuclear para uma planejada rede de usinas que satisfaria a demanda por eletricidade.
"A tendência de avançar na capacidade nuclear até atingir a produção de combustível e criar usinas nucleares para produzir 20.000 megawatts de eletricidade continuará", afirmou Elham.
Na quinta-feira (03/4), diplomatas disseram à Reuters que o Irã começou a instalar avançadas centrífugas de enriquecimento de urânio no complexo de Natanz, acelerando a atividade que poderia dar ao país os recursos para produzir bombas atômicas no futuro.
O Irã recebeu três pacotes de sanções da Organização das Nações Unidas por ter escondido o seu programa até 2003, além de não ter provado aos inspetores desde então que o objetivo do projeto é totalmente pacífico e de ter se recusado a suspender o controverso programa.
Urânio enriquecido pode ser usado como combustível em usinas nucleares ou, se refinado ainda mais, para prover material para bombas.
O jornal The Washington Times informou no mês passado que cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU estavam preparando um pacote de incentivos a Teerã caso o país paralisasse o programa.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou o pacote em entrevista à agência de notícias japonesa Kyodo na sexta-feira.
Ahmadinejad também disse que o Irã só discutirá a questão nuclear com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), rejeitando um pedido de potências mundiais de realizar mais negociações com o chefe de política externa da União Européia, Javier Solana.
"Não aceitamos substituir a AIEA... na estrutura de negociações", afirmou Elham.
(Reportagem adicional de Zahra Hosseiman, Reuters/O Globo, 05/04/2008)