Fortaleza - Os casos de dengue no Ceará aumentaram 27% em uma semana. De acordo com o boletim divulgado nesta sexta-feira (04/4) pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), 5.852 pessoas já contraíram o tipo clássico da doença, quando eram 4.600 há sete dias. O relatório também mostra que a infestação está se alastrando. Uma semana atrás, os registros atingiam 111 municípios, agora 118 dos 184 municípios cearenses têm confirmações. Também aumentou o número de casos de febre hemorrágica de dengue (FHM), a tipologia mais grave, que pulou de 68 para 81, com dois óbitos. Com isso, a proporção foi de 72,2 casos clássicos para cada caso hemorrágico. Anualmente, essa razão vem decrescendo. Em 2001, tinha-se um caso de dengue hemorrágica para cada 3.411 casos de dentue clássica. Em 2004, essa proporção foi de um caso para 221. Os dados de 2007 ainda não foram concluídos, mas está em 83 casos clássicos para cada caso hemorrágico.

Nesta sexta, a Sesa confirmou a primeira morte por febre hemorrágica de dengue (FHD) em Fortaleza. A vítima foi uma mulher grávida de 24 anos, que residia no bairro de Messejana, um dos locais que apresentam os maiores índices de infestação na capital. Os casos de dengue hemorrágica nos três primeiros meses deste ano já superam em 67% os registros do mesmo período do ano passado. O outro caso no estado foi registrado em Itapipoca.

Outros bairros com alta incidência da doença são: Lagoa Redonda, Sítio Curió, Bom Jardim, Mondubim, Parque São José, Parangaba, Bom Sucesso, Manuel Sátiro, Henrique Jorge e João XXIII.

Idade cada vez menor das vítimas preocupa autoridades
Até esta sexta, foram notificados 10.104 casos suspeitos de dengue em 140 municípios cearenses. Destes, 4.252 exames deram negativo para a doença. As notificações suspeitas de FHD somaram 285, tendo sido confirmados 81. Mas 121 casos continuam sendo investigados.

Um dado que preocupa as autoridades é a idade cada vez menor dos pacientes. A média decresceu de 38 anos em 2001 para 25 em 2007. Mas é cada vez mais frequente registros da doenças em crianças entre um e quinze anos. Sessenta e sete porcento dos casos de FHD esse ano estão concentrados nessa faixa etária

A incidência da doença está se refletindo na procura pelos hospitais públicos, onde em alguns casos o atendimento chegou a triplicar, e postos de saúde. No hospital São José, especializado em doenças infecto-contagiosas, a solicitação de hemogramas, que antes ficava em torno de 40 por dia, subiu para 200 só do setor ambulatorial. O número de pessoas que procura a rede hospitalar privada também aumentou.

Além de Fortaleza e Itapipoca, o combate ao mosquito da dengue foi intensificado com uso de carros fumacê em Redenção, Caucaia e Lavras da Mangabeira, onde o risco de uma epidemia aumentou por conta das enchentes desse inverno.

No Rio, a epidemia de dengue levou a Justiça a obrigar os postos de saúde do município a abrirem 24 horas, mas nem todas as unidades estão cumprindo a determinação .

(Por Isabela Martin, O Globo Online, 04/04/2008)