Dois trechos da fala de ontem do presidente Lula foram recados. O primeiro aos lobistas florestais e à empresa Stora Enso, que pressionaram pela mudança na legislação sobre fronteiras. Sem contestar a necessidade de alterar a lei, o presidente ressaltou que a medida não pode ter como único alvo o interesse de uma empresa, mas o desenvolvimento de forma geral. Quis dizer que a proposta de emenda constitucional (PEC) que tramita no Congresso se deve à constatação de que as regras deveriam ser revistas. A constatação é verdadeira, mas não muda os fatos: a PEC foi, sim, fruto da pressão exercida pela empresa e por seus porta-vozes. Caso contrário, teria sido proposta antes. Outro recado foi para a diretoria dos Correios.
Lula lembrou que um acordo sobre salários e carreira feito em seu gabinete, no ano passado, foi descumprido pela empresa, o que representa um mau sinal: se não vale o que é acertado no gabinete presidencial, o que valeria? Presente, o deputado federal Beto Albuquerque queria mais: 'O anúncio de demissão da diretoria seria mais producente'.
(Correio do Povo, 04/04/2008)