Durante os dias 16 e 17/03, uma equipe formada por servidores do Parque Nacional dos Aparados da Serra e sete condutores da Associação de Condutores Locais de Turismo- Acontur, de Cambará do Sul, realizaram uma atividade para erradicação de Pinus sp. na borda sul do Cânion Fortaleza. Essa é a espécie mais plantada na região, onde dificilmente se encontra o Pinus elliotti.
Segundo o chefe do parque, Deonir Zimmermann, "foram retirados mais de 200 indivíduos de Pinus taeda (leia observação no final), em locais de difícil acesso da borda sul do cânion Fortaleza, desde seu vértice até além do mirante, já em terras catarinenses". Munidos de facão, machado, equipamentos de técnicas verticais (algumas situações exigiram o rapel), GPS "e muita disposição", dois grupos retiraram as espécies exóticas de até 20 anos de idade.
Somente aquelas árvores que não ofereciam perigo durante a queda foram totalmente cortadas. Árvores que na sua queda pudessem causar algum impacto, foram aneladas, ou seja, retirada toda camada externa do caule, responsável por levar seiva elaborada às raízes. "Sem os nutrientes, o crescimento radicular dessas árvores paralisa e a árvore morre completamente entre oito a 10 meses depois, servindo ainda de ninho para pica-paus e outras aves até sua queda", explica Deonir.
O analista ambiental explica ainda que as sementes destas espécies são oriundas de plantios de Pinus que estão localizados na parte externa do Parque Nacional da Serra Geral, "e caso não sejam colhidos logo, ainda serão motivo para muitas semeaduras naturais, auxiliadas sempre pelos fortes ventos da região".
Para evitar esse tipo de invasão, o Plano de Manejo das duas Unidades de Conservação prevê uma faixa de exclusão de 500 metros na Zona de Amortecimento, e mais duas faixas de manejo especial, onde algumas regras foram estabelecidas para tentar evitar a infestação. Estudos realizados em 2006 e 2007 demonstram que a dispersão das sementes pode ser até maior de 2.000 metros a partir das matrizes, que muitas vezes permanecem nas áreas ainda não indenizadas dos dois Parques Nacionais.
Como medida cautelar, o Ministério Público Federal de Caxias do Sul tem acionado o gestor das Unidades, através de Ação Civil Pública, que contém uma decisão de outubro de 2005, proibindo a autorização de novos plantios ou replantios de espécies exóticas nos 10 km de entorno dos Parques. A previsão de Deonir, é que a decisão deve ser revertida em breve, principalmente para culturas sem potencial invasor.
"Entretanto, é preciso reavaliar o zoneamento da Zona de Amortecimento, criar outras regras principalmente para lavouras que tem seu potencial poluidor já diagnosticado, como é o caso das hortaliças, atividade crescente na região dos campos da serra".
Introdução
Em 1948, através do Serviço Florestal do Estado de São Paulo, foram introduzidas, para ensaios, as espécies americanas conhecidas nas origens como "pinheiros amarelos" que incluem P. palustris, P. echinata, P. elliottii e P. taeda. Dentre essas, as duas últimas se destacaram pela facilidade nos tratos culturais, rápido crescimento e reprodução intensa no Sul e Sudeste do Brasil. (fonte: www.institutohorus.org.br)
(Ibama, 03/04/2008)