Nailton Muniz (62 anos), do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, sofreu um atentado na madrugada da última terça-feira (1/4). Na ocasião, foram disparados vários tiros em direção ao carro em que viajava, na estrada que liga a área retomada pelos índios na região da Serra das Alegrias ao município de Itaju do Colônia, no sul da Bahia. O cacique atribui o ato a uma represália pelo fato de sua comunidade ter retomado parte de sua terra, que foi invadida por fazendeiros.
Além de Nailton e do motorista, ainda estava no carro a irmã do cacique Maria José Muniz. Todos sobreviveram. Eles viajavam para participar de uma reunião de lideranças Pataxó Hã-Hã-Hãe na aldeia Caramuru, em Pau Brasil. Segundo documento encaminhado pelo cacique ao Ministério Público (MP), a tentativa de homicídio aconteceu em região invadida pelos fazendeiros Beto Pacheco e Edvaldo Bastos Gomes. Segundo o documento do cacique outros índios também já foram agredidos por pistoleiros a serviços dos fazendeiros invasores.
O conflito entre fazendeiros e indígenas é cíclico no local. A área retomada, na semana passada, pela comunidade de Nailton fica na região da Serra das Alegrias, no município de Itaju do Colônia. Ela já tinha sido retomada outras vezes, sendo a última delas em 2006, e foram de lá retirados no ano passado quando, por uma decisão judicial o povo teve que sair da terra. Na ocasião, o Pataxó Hã-Hã-Hãe Alcides Francisco Filho, conhecido como Piba, foi ferido à bala, durante conflito com pistoleiros na fazenda do invasor Marcos Andrade, em Itaju do Colônia.
Por ser uma região com presença expressiva da criação de gado, os fazendeiros de Itaju do Colônia estão organizados e exercem forte influência política, econômica e de reação ao avanço dos índios na retomada do seu território. A terra tradicional do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe é de 54.100 hectares, que abrangem os municípios de Pau Brasil, Camacãn e Itajú do Colônia.
No documento encaminhado ao MP, Nailton solicita ao Ministério da Justiça que sejam tomadas as atitudes necessárias para que violências como estas não voltem a acontecer.
(
Cimi, 02/04/2008)