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petrobras
2008-04-04
Prevenção - Dados socioeconômicos ajudam a medir vulnerabilidades no Marajó

A Petrobrás antecipa informações sobre ribeirinhos de Soure para casos de acidente

Levantamento realizado pelo portal Ambientebrasil sobre acidentes envolvendo vazamento de petróleo e derivados no Brasil, não deixa dúvida quanto aos riscos potenciais que a atividade de exploração e transporte de petróleo pode representar ao homem e ao meio ambiente.  De 1975 a 2002, ocorreram 51 acidentes, alguns deles fazendo dezenas de mortes e deixando milhares de desabrigados, como em Vila Socó, Cubatão, Estado de São Paulo, onde um duto da Petrobras explodiu, em fevereiro de 1984.

A maioria dos acidentes, no entanto, ocorre no mar, com grande prejuízo ao ambiente marinho.  "O petróleo é considerado o principal poluente do ambiente marinho.  O óleo espalha-se pela superfície e forma uma camada compacta que demora anos para ser absorvida.  Isso impede a oxigenação da água, mata a fauna e a flora marinhas e altera o ecossistema", informa o portal.  Esse tipo de desastre também afeta o homem, principalmente os pescadores, que tiram das águas o sustento para suas famílias.  Em muitos casos, o processo de indenização esbarra na falta de conhecimento sobre a quantificação e o modo de vida das famílias prejudicadas pelo vazamento de óleo.

Preocupada, a Petrobras está investindo em pesquisas científicas na área de preservação do meio ambiente e avaliação do impacto ambiental de suas atividades.  Um dos objetivos é a formação de um grande banco de dados sobre comunidades potencialmente vulneráreis em zonas costeiras, na Amazônia, onde a estatal produz petróleo e gás, desde 1988, na província petrolífera de Urucu.  As pesquisas na região costeira estão a cargo do Projeto Potenciais Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica, o Piatam mar.

Recentemente, a professora Maria Cristina Maneschy, da Faculdade de Sociologia da UFPA, doutora em Ciências Sociais, passou a integrar a equipe de sócioeconomia do Piatam.  Há 20 anos, ela vem desenvolvendo pesquisas em comunidades pesqueiras, principalmente, sobre o papel desempenhado por mulheres na atividade de pesca.  Na UFPA, ela coordena, juntamente com o professor Jean Hébette, o Grupo de Pesquisa Produção Familiar Rural na Amazônia Oriental.

Em relação ao Piatam, Cristina Maneschy ressalta o enfoque sobre uma grande questão a partir de múltiplas óticas da ciência, desde a química dos plânctons (comunidades de pequenos animais e vegetais que vivem em suspensão em águas doces, salobras e marinhas) às populações humanas que utilizam o ambiente marinho como forma de sobrevivência.

Trabalho pioneiro na região Norte

Encerrada a etapa de contato preliminar com as comunidades da reserva, as pesquisadoras preparam-se para a etapa seguinte: a execução, de modo efetivo, da pesquisa que levantará dados qualitativos e quantitativos das reais condições de vida local e, ao mesmo tempo, o envolvimento delas nas organizações com vistas ao intercâmbio de conhecimento.  Para Cristina Maneschy, "o estudo tem essa vertente prática de sempre promover o contato com as comunidades, se possível, com envolvimento de estudantes locais nos levantamentos porque isso também contribui para mudar a própria realidade que está sendo estudada".

A amplitude da ação do Piatam por toda a área costeira da região Norte reveste-se de um caráter pioneiro.  A pesquisadora acredita que nunca houve um estudo feito na região com essa amplitude.  "Trata-se de uma área de interesse para as ciências humanas, principalmente considerando a questão do aquecimento global, com possibilidade das zonas costeiras estarem sujeitas a problemas meteorológicos e climáticos.  Ou, os riscos provocados pela ação humana, na hipótese de um acidente com petroleiros", afirma.

Reserva Extrativista Marinha de Soure será protegida

Pesquisa identifica vulnerabilidade da Reserva Extrativista Marinha de Soure A área de abrangência do grupo de socioeconomia se estende do Amapá ao Maranhão.  Cristina Maneschy vai concentrar seus estudos especificamente na Reserva Extrativista Marinha de Soure, criada pelo governo federal em novembro de 2001, abrangendo uma área de aproximadamente 27.463,58 hectares.  Ao seu lado, estará a pesquisadora Edma Moreira, que estudou, no doutorado, a história da implantação da Reserva Extrativista Verde para Sempre, no município de Porto de Moz, a maior do Brasil, com cerca de 1.209.717 hectares.

O objetivo do estudo das pesquisadoras é verificar qual o grau de vunerabilidade da população que habita a Resex, ou que depende dos recursos hídricos daquela área, em face da hipótese de acidente no transporte de derivados de petróleo.  Munidas de um questionário elaborado pelo grupo de socioeconomia, as pesquisadoras fizeram a primeira viagem de campo, a título de teste, para aplicar os instrumentos de coleta de dado, um roteiro para entrevista domiciliar e outro, para entrevista com entidades organizadas.

"Na pesquisa preliminar, levantamos um pouco da história das entidades organizadas e os vínculos estabelecidos entre elas.  Sobre os moradores, tanto os residentes no interior da reserva, como os da cidade de Soure considerados usuários da reserva, procuramos entender, a partir da visão deles, se estão, de fato, organizados em associações ou grupos comunitários", relata Cristina Maneschy.  "Investigamos quais os grupos ou entidades a quem recorrer em caso, por exemplo, de perigo.  Quais as pessoas consideram mais importantes para resolver os seus problemas de natureza diversa.  São questões que facilitam entender o nível de enraizamento das entidades na comunidade.  Precisamos entender se, de fato, existe esse enraizamento ou se são organizações meramente artificiais, no sentido de existirem apenas para pleitear algum tipo de crédito".

Em relação à sazonalidade, as pesquisadoras buscaram identificaram as atividades que garantem o sustento das famílias: a pesca e captura de camarão, a extração do caranguejo e a produção de carvão.  Mas, ao contrário do que esperavam, o maior número de trabalhadores não é formado por pescadores, mas sim por catadores de caranguejos.  Ainda em relação a esses trabalhadores, os que residem na cidade de Soure se deslocam em embarcações motorizadas, enquanto os da reserva utilizam canoas.

Um dado que chamou a atenção foi a existência de poucas jovens nas comunidades locais.  "Há menos mulheres que homens na faixa de 16 a 20 anos.  Temos que aprofundar mais nossas pesquisas para saber se isso significa, efetivamente, uma tendência ou apenas expressa a estratégia da família de mandar parte dos filhos para fora, em busca de melhores oportunidades", informa Cristina Maneschy.

Criada em 2001, a Reserva Extrativista Marinha de Soure ainda é uma experiência muito nova.  Nas entrevistas, as pesquisadoras perceberam, por exemplo, que há desinformação e possível descompasso entre as novas regras e as formas tradicionais utilizadas para prover a subsistência das comunidades.

(Por Walter Pinto, UFPA - Informativo Beira Rio, 04/04/2008)

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