O Instituto Trata Brasil apresentou nesta quarta feira (02) os resultados do estudo encomendado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o saneamento básico no País. Segundo os dados apresentados, o impacto na educação acusa uma diferença de 30% no aproveitamento escolar entre crianças que têm e não têm acesso ao saneamento básico. Com relação ao trabalho, a pesquisa revela que 11% das faltas do trabalhador, com as mesmas características, estão relacionadas a problemas causados por esse mesmo problema.
A pesquisa se estendeu também para o segmento de turismo e foram observados 20 destinos indicados pela Embratur. “Apesar do relevante aumento de arrecadação e renda resultantes de maior fluxo de pessoas, essas localidades acusam ainda um subinvestimento das necessidades básicas”, destaca o professor Marcelo Néri, coordenador da pesquisa. Integraram a pesquisa Armação dos Búzios, Bombinhas, Camboriú, Curitiba, Fernando de Noronha, Florianópolis, Fortaleza, Foz do Iguaçu, Imbituba, Ipojuca, Itacaré, João Pessoa, Maceió, Manaus, Maragogi, Natal, Tibau do Sul, Parati, Porto Seguro, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Ubatuba.
A Bahia se destaca como uma das iniciativas de sucesso no sentido de reverter esse quadro. O Projeto Bahia Azul, voltado ao saneamento e meio ambiente e que foi implementado no início da década de 70, registrou, em nove anos (1991/2000) uma taxa de acesso dos municípios de 18,84% para 68,42% (aumento de 263,98%) o que lhe rendeu o terceiro lugar no ranking de saneamento no país. Esse crescimento impactou positivamente sobre a queda de doenças infecciosas e parasitológicas registradas.
Já no Rio de Janeiro, o PDBG -- Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – não conseguiu resultados satisfatórios se comparados com a Bahia, estado mais pobre mas com a mesma vocação turística. Nesse mesmo período os índices passaram de 47,08% para 64,98% (aumento de 38,02%) o que, entre outras coisas, hoje, pode se ver refletido na deflagrada epidemia de dengue.
Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Luis Felli, é preciso maior conscientização sobre os impactos sociais e econômicos que a falta do saneamento básico traz para o desenvolvimento da sociedade. “Cada R$ 1 milhão investido em obras de esgoto sanitário gera 30 empregos diretos e 20 indiretos, além dos permanentes, quando o sistema entra em operação. Com o investimento de R$11 bilhões por ano, reivindicado pelo setor de saneamento, calcula-se que sejam gerados 550 mil novos empregos no mesmo período", diz Felli.
“A questão da saúde revelada na primeira pesquisa já foi alarmante. Com a nova pesquisa desenha-se um cenário mais completo sobre as conseqüências ao desenvolvimento das gerações presentes e futuras. A universalização do saneamento no País é fundamental para melhorar os seus indicadores de desenvolvimento humano”, completa o presidente Instituto Trata Brasil.
(Carbono Brasil, 04/04/2008)